quinta-feira, 28 de julho de 2011

A indifrença diante da Somália


Sem nada para fazer à noite, resolvi conferir o que estava passando na televisão brasileira e em determinado canal estava iniciando um documentário sobre a atual situação da Somália. Meu pai interroga-me: Você quer assistir? Eu, mais que prontamente disse sim. Como precisando de um choque elétrico, com a maior voltagem possível para encarar a quão “bela” é a vida.
A Somália está localizada na parte mais oriental da África e a religião dominante é o Islamismo. Atualmente este país doente pela fome e pelas doenças sofre ainda pela seca, a mais terrível dos últimos 60 anos. Aqui tudo é racionado, comida, água, remédio. Até mesmo a vida é racionada, uma vez que não há motivo para sorrir ou cantar.
O governo é fraco e apenas representativo, por atrás há um interesse maior. A fé faz guerra e deixa corpos espalhados pelo caminho, em algumas localizações a ajuda humanitária há anos não chega e do chão não brota nada, rios foram substituídos pela areia. A Somália tem o maior campo de refugiados, neste local a escola é improvisada, os “professores” nem sabem por que estão ali. E as mulheres sofrem com a violência sexual. Abusadas e esquecidas guardam para si a dor. Falta comida, faltam os pais e maridos roubados pela guerra. Aqui, os resgates de jornalistas seqüestrados financiam o armamento. Reflexos do conflito iniciado em 1986 (oficialmente) e que perdura até os dias de hoje.
Neste país os doentes mentais são acorrentados, os demais morrem a míngua, na espera por cuidados e remédios que nunca chegaram, os famintos continuam com fome, as crianças fracas, não conseguem nem chorar... Eu choro por elas.
As tradições imperam sobre os direitos humanos (alias onde eles estão?) e as mulheres da Somália não tem o direito de dizer não a mutilação genital, que acontece sem nenhum cuidado nem anestesia. Os parentes alegam ser uma tradição passada de mães para filhas e que estas não têm escolha, entre os sete e onze anos, terão de ser sacrificadas, em nome da tradição e dos costumes. O holocausto continua.
Eu pergunto-me, depois de passar seis meses estudando Direito Internacional e o seu tão importante papel na defesa dos Direitos Humanos. Onde ele está? Onde está a ONU (obediente aos Estados Unidos)? Onde estão as grandes ONG’s? Onde está Deus? E o que eu estou fazendo?
Nossas vidas medíocres: estamos buscando melhorar nossas vidas. Que vida? Como poderei ter uma vida melhor, se do outro lado da porta a fome domina. Eu penso em todas as coisas que ouvi, todos os planos... E eu não consigo ver a beleza das folhas que caem das árvores, não enquanto seres humanos como eu, como nós, morrem como míseros seres sem importância. Eu quero ver mudança, eu devo ser a mudança, nós.
Eu lembro que a violência só gera violência e que guerra nenhuma trás a paz.
Sejamos fortes, sejamos humanos e façamos a diferença nesse mundo esquecido, no mundo em que o homem é o lobo do homem, mundo em que o ser humano não se reconhece no outro, mundo cada vez mais individualista e triste. Fraco de vida. Franco de humanidade.


Um comentário:

  1. Concordo com Vc não podemos fechhar os olhos diante de um problema tão grave a gente tem que fazer a diferença!

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