quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"..."


Por um lapso, hoje resolvi olhar fotos antigas.
Que nostalgia!
Abri diversas pastas. Lembrei em cada foto, o momento exato em que foram tiradas... Momentos tão diferentes do que vivo hoje... Mas nada a lamentar...
Lembrei da primeira bebedeira, das frases de fala soltas, sem receio de parecer ridícula...
Lembrei de quantas vezes fiz pedidos de casamento.
Lembrei de aulas de filosofia, em que ficava vagando entre o sonho de escrever, de estudar literatura... De jogar tudo pro alto...
Lembrei de alegações de professores. De que, possivelmente, eu estivesse no caminho errado...
E lembrei de fragmentos dessa fração dos dias que vivi e que vão me fazer chorar pro resto da vida...
Lembrei de algo e esqueci...
Recordei um outro país, um outro sotaque... Coloquei para tocar todas as canções que ouvia lá... Senti algo no peito, uma sensação estranha! Um aperto, uma saudade, um soluço de choro que não saiu... Aumentei o volume...
Lembrei de quando cantávamos na rua, de noite, em voz alta e olhando nos olhos...
Lembrei de tantas vidas que já vivi e que, talvez, tenham durado muito pouco...
Lembrei de quando me apaixonei no meio da rua e um ano depois, tudo já estava diferente... As estações já haviam mudado e meu rosto já havia ficado frio e sem expressão...
Lembrei de visitas infinitas e sem motivos à biblioteca, só pela busca de alguma forma de conforto...
Lembrei de quando comprava livros e DVDs sem fazer contas...
Lembrei de quantas vezes eu mudei de ideia...
Tentei lembrar quando havia sido a última vez que tive ânsia de escrever e, por fim, lembrei que na tarde passada, havia prometido tentar escrever mais... Pelo bem da minha saúde emocional... Pelo possibilidade de existir, em mim, alguma esperança de viver com dignidade...
E vendo as fotos e ouvindo velhas canções e puxando na memória tantos dias que se foram, - em que escrevia trecho de músicas nos braços, em que saia de madrugada, em que filosofava sobre a vida entre uma bebida e outro, em que conversava com alguém enquanto voltava para casa, caminhando pela rua vazia, em que olhava fundo e ria, em que bebia sem medo de morrer, em que sonhava com vontade, em que não me preocupava com o agora - e senti uma repentina vontade de viver, viver de forma diferente, de rir alto, dançar na rua, vontade de falar com quem já não vejo há tempo...
E, assim, voltei a escrever...
E escrevendo novamente, senti alguma vontade de viver tudo o que é proibido... Abandonando qualquer formalidade exigida pelo destino...
Escrevi e voltei a normalidade...