domingo, 24 de fevereiro de 2013

Solta...



Eu tento,
Tropico no primeiro passo,
Eu tento,
Caio,
Na terceira tentativa já quebrei algo,
Depois, desmaio...
Acabo de cama,
Escondendo a fraqueza,
Fugindo da intenção de dividir a mesa...

Depois, arrepender-se,
Querer, querer,
Ficar com a xícara de chá,
Não se desfazer das velhas vestes,
Enquanto todos já trocaram o armário tantas vezes...
Ficar presa ao inverno quando o verão já começou...

Tentativa fingida,
Fragilidade maquiada,
Bebida do esquecimento,
Não desfaz a mente,
O medo perfaz a mentira...

Desapego,
Romances sem desfechos,
É só questão de tempo,
Entretenimento,
Falta de entendimento...

Corpo fechado,
Cadáver não enterrado,
O retrato escandalizado,
Na boca do copo,
Na conversa de bar,
Nas más intencionadas,
Nas mazelas,
A vida solta e sem cela...
Não se revela,
Não se completa,
Não sonha...
Não há mais a espera na janela...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Não entra e não vê...



É estranho, ou não, pensar como o coração pode se destruir aos poucos?
Pertencendo ao passado não faço parte do presente, ao tempo de agora, ao hoje, ao minuto, ao instante...
Distante de tudo dei-se ao luxo do desapego, escolhi o caminho mais escuro, até fácil, cômodo, mas nem por isso menos frio, sem aconchego, nem acolhimento...
Eu sei quais são as dores, os lugares que doem e optar pelo silêncio nem sempre significa a insignificância...
Ainda sei das escolhas que faço e do rumo que tomo, dos braços que me desprendo, de como viro as costas e das canções que ouço...
Conheço todas as marcas que trago no corpo, registradas a ferro quente na alma... Eu sei e só eu sei o que trago de dias que se foram pra nunca mais voltar e eu sei o que é Amar, e ver o pedaço da sua alma ir e nunca mais voltar...
Se eu peço desculpas ou se digo que não vai mais dar, eu sei...
Ninguém há de lembrar, vou como sombra... E agora opto pelo café, sozinha no quarto que já escurece, na janela ficaram os pingos da chuva já cessada, e na estante estão os livros, o consolo, o reflexo da própria vida...
 E eu não tenho mais o que dizer, nem mais o que saber, nem mais o que sentir... Eu nunca parti, porque nunca estive aqui...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O voo da poesia...


O não já está aqui, na mão...
Mas ainda posso dizer que não,
Deixo tudo no ar,
Abro o armário,
Devo por na rua tantos retalhos escondidos!

A coruja pousou na janela,
Entregou o recado,
E voou...
Sinal de que devo me levantar,
Vou juntar as folhas espalhadas pelo chão,
Vamos espalha-las pelos postes da cidade,
Pelo ônibus,
Pelas calçadas,
Vamos devolvê-las ao poeta.

É hora de deixar nascer o poeta
E deixar que o mundo tome-se pelas suas mãos
E dance no embalo da nova arte,
De uma nova estrofe sem rima,
Que tenta voar como uma pequena coruja de asas frágeis...

Deixamos que a coruja leve para longe,
Tantas dúvidas e falsas promessas,
É só tentar, crer num “quem sabe”,
Agora é hora,
Não há por que olhar para trás...
E a poesia já esperou o suficiente,
Mas toca agora a badalada final,
Vai alçar voo...
Sem demora...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Para depois do voo...



Não sei as respostas do universo,
Sei da sonoridade da canção que toca, retoca,
Repete milhões de vezes, como na noite passada,
Quando a luz estava apagada...

Os versos feitos sob a insônia se perderam,
Deixados na madrugada,
Dizimados, não foram alimentados,
Lá ficaram...

E eu tomo posse da música para que possa lhe dizer,
Porque a minha poesia não é capaz de assim o fazer,
E de alguma forma,
Quero que saiba:
Estou tentando fazer você sentir o meu amor...

Tão distante e tão esquiva sou tão incapaz e tão pequena,
Não consigo esticar o braço e tocar no resto,
Nem na mão macia...

Então, eu volto e visto a poesia...
Porque emocionalmente sou sua,
Serei...

Irei lamentar, mas mesmo assim,
Aceitar seu labirinto de dúvidas,
Porque sentimentalmente serei sempre sua.

E na minha calma resignada vou rezar
Pelo seu voo alto rumo ao topo do mundo,
E eu vou rezar para que você possa ter, 
A cada dia,
Alguém que lhe faça sentir o amor,
E que possa amar sem dúvida,
Sem divida,
Sob a luz divina,
Que avistará brilhando sobre a neblina,
Na colina, no topo,
Depois do voo...