sexta-feira, 27 de abril de 2012

Você parte...


Você parte e eu resgato as fotos guardadas no armário...
Eu escrevo e não esqueço das noites agitadas,
Dos copos da mão, da dança colada...
Você parte e eu fico guardada no silêncio que você não volta...
Você não vem mais nos sonhos,
Manda recado, mas não sei para quem,
Descubro ao caso de uma terça-feira à tarde...
Eu ignoro as festividades,
Deixo de lado os convites,
Assisto aos filmes e tenho sempre você.
As notícias levam-me ao desespero...
Agora, eu janto sozinha,
E o telefone já posso desligar para sempre...
No inverno recorro a mais um cobertor,
Continuo sentindo frio...
Você sabe?
Não consigo lembrar-me de nenhum outro beijo que veio depois do seu...
Alimento a alma de lembranças,
Eu escrevo chorando,
Eu lembro que um dia,
Você chorou lendo...
E depois de tudo ter sido jogado na estrada,
Apagado as chamas,
Eu não aceito a sentença,
Eu procuro você
E durmo até você aparecer,
Não vem...
E eu sigo solitária,
Porque assim vai ser,
Porque enquanto todos esquecem,
Eu vivo do que sobrou,
Eu sempre penso em você...

sábado, 21 de abril de 2012

É ESTRANHO E DE REPENTE.



Tudo é muito estranho, e o estranho parece ser o melhor caminho diante de todas as escolhas que poderiam ser tomadas.
Mas é estranho que até pouco tempo atrás nada fazia sentido, e eu simplesmente desviava da vida, arriscava a cabeça no muro, o travesseiro do lado errado, dormir descoberta, beber de qualquer lata.
É estranho que exista tanto do amor platônico, e eu ainda prefira a liberdade de Rousseau... É estranho, mas agora me apego a vida, eu posso até estar sumida, mas é estranho.
É estranho que eu goste tanto do barulho que faço ao virar a página...
É estranho que esteja sempre a um passo, mas o passo nunca chega...
De repente é assim, algo faz sentido, mas tudo se desmorona aos poucos. E eu simplesmente não consigo falar, porque o choro tranca minha garganta e eu afogo.
É estranho, você não entende e mesmo assim eu te quero, é estranho, você não sabe que eu escrevo, é estranho...
Sim, eu não terei filhos e a xícara de chá vai esfriar enquanto deleito-me em páginas de pura sofreguidão.
A vida segue, segue sem a minha calma... E minha falta de fé segue sendo a pura perturbação...
É estranho que em meio ao caos eu descubra, de repente, um sentido, que não fez sentido porque não sei o que é, e mesmo assim faz...
E eu quero ficar.

sábado, 14 de abril de 2012

Algo que possa ser.



Guardados,
Não se recordam.
Pegos e abertos,
Uma avalanche de lembranças
Assumem a atmosfera do quarto.
Em silêncio eu pergunto
Se você lembra-se do beijo,
Dos meus pés do degrau de cima,
Das mil mensagens,
Da mudança...
Resposta não vem,
Não virá.
Devo guardar
O álbum,
O baralho,
O cartão,
Não há nada que fica,
Nada que possa voltar,
Algo que possa ser.


domingo, 8 de abril de 2012

Resposta...

Não escrevo um soneto,
Pois não sei contar sílabas,
Nada sei sobre a métrica,
Nem como se rege a maestria...
Não há planos,
Nós respiramos sonhos...
E se não possui o que quer,
Eu lhe dou as mãos,
Podemos construir um novo mundo
E com a bomba destruímos a ponte,
As grades,
Os cofres que escondem as noites.
Não deixemos para trás o bar
Que se faz reinado nos nossos dias
De riso fraco,
De trocos disputados.
Você jurou,
Mas já não precisamos de juramentos,
Temos a poesia alimentando
Os passeios pelos parques.
Não precisamos dos justos,
Cuidamos nós mesmos dos nossos caminhos...
Não nos esqueçamos das mantas
Que aquecem nossos sonhos...

Ser Poeta...



Há canções nas árvores
E dança nas flores que nascem...
A pulsação é sempre forte,
Vive-se de todos os amores,
Os beijos são a pura intensidade,
Despir-se é rápido
E a paixão está em todos os lugares...
Um pequeno corte é um jorrar de sangue.
Cada não,
Pequena frustração
É um pular do penhasco.
O veneno no copo,
A bebedeira entre as ladeiras...
As cores estão vibrando,
O sol dói aos olhos,
E a chuva é sempre torrencial...
Não há cinza,
Não há meio termo,
Não há dúvida
Ou é doce ou é amargo...
Na loucura se faz poeta,
Nas palavras escreve à alma,
Vive e se afoga.
Não sou poeta,
Sou?
Não sou?

sábado, 7 de abril de 2012

Como termina?



Porque abrir os álbuns?
Para que rever as fotos?
Refazer os roteiros?
Relembrar as viagens?
Se o tempo passa,
Diga-me qual é a verdade?
Não se preocupe,
Não é poesia,
São palavras soltas
Sobrevoando lembranças...
No metrô,
A escada continua rolante.
Nos parques,
Os esquilos continuam subindo ao topo das árvores.
Nas ruas,
Seguem se as obras.
O velho mundo segue,
Sem cúmplices andantes...
Pontos de interrogações ressurgem,
Eu não sei como termino,
Eu pergunto se termina...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sem beijo nem declaração...



Cansei...
Depois de um dia cansativo,
Pensativo e de imprevisão,
Canso,
Prefiro sempre a contramão,
Eu não ando em vão.
E para que pão?
Todos morrem na sala de aula
Ou no salão...
Acabou a brincadeira,
Não há mais esconde-esconde,
Pega-pega,
Gata cega...
Acabou o sono,
Cães e gatos estão morrendo,
Crianças divertem o semáforo,
Tentam esquecer as reclamações do estômago.
O professor atrás da gravata
Acha que os pobres assim querem ser,
Eu penso em como posso fugir,
Rasgar as folhas,
Calar as bocas,
Queimar os códigos da opressão...
Abaixo o rosto,
Escondo os olhos,
Espero...
Espero,
Espero,
Vou embora...
Com meia dúzia de livros,
Sem beijos nem declarações de amor...
Eu não vou ganhar dinheiro.
Eu estou indo embora,
Assim deveria ser sido há tempo...

Terminação...



A viagem que termina,
O carro que estaciona,
A poesia finda...
O gosto de uva, no beijo, perder.
Pizza com cerveja,
Sorvete sem amêndoas,
Dormir no colo,
Ouvir o som do mar,
Bater a cabeça na janela,
Deitar no chão,
Confidenciar...
Verbo é infinitivo,
A poesia não necessita rimar...
Inverter os papéis,
Guardar fotos,
Rever o álbum,
Não rasgar...
Sentir a mesma saudade...
Esquecer...
Fechar o livro,
Esconder a carta do baralho,
Amaçar o brinco...
Fazer poesia,
Brincar,
Fechar os olhos,
Não imaginar,
Deixar...