domingo, 24 de julho de 2011

Continuação



Sozinha na noite
As luzes se apagaram,
As conversas e gargalhadas cessaram,
Telefone não toca mais,
Não tocará...
Os gritos pedindo socorro
Ficaram do outro lado,
Não há mais ninguém nos degraus,
Na calçada,
Não há mais a luz acesa.
Aquele quarto, ninguém abita lá...
Ligo o rádio, deixo o som baixo,
O piano e a voz só fazem lembrar...
Os copos estão quebrados,
As garrafas ficaram pra trás...
Eu e meus mil amores...
Eu falo do amor
Para poder rimar com flor,
Falar da dor seria clichê demais...
Eu não tenho nada para falar...
Bendigo a poesia
Pois na vida não aprendi a atuar,
Rezar...
Flutuo por entre os muros,
Picho cada mentira,
Penso no poeta,
Deixo a música continuar...
Três pontos,
A noite estrelada,
Minha insônia,
O barulho do relógio,
Meu rosto sem lágrima,
O filme que roda sem expectador...
Tudo vai continuar...

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