domingo, 30 de março de 2014

Sem saber...


Certezas se desfazem no ar, as argumentações estudadas há tempos, de repente, não existem mais e na hora das interrogações as respostas não passam de “não sei”.

Mas o que eu realmente sei? O que sou? Onde estou?

Afinal, quais são as respostas que busco? Onde ficaram os retalhos dos livros em que me debrucei noites a fio?...

O que sobrou da minha coragem?

Porque me sobram perguntas e me faltam respostas?

Mas (e) afinal... O que fica é esse drama todo, essa angústia toda, essa busca incessante por respostas que servem, apenas, para multiplicar as perguntas...

E depois, o que vem é uma ponte suspensa, uma estrada de chão, o choro, o não. Depois o que vem a tona, são as respostas que não foram dadas, argumentações elaboradas, vida ensaiada, falas estudadas... E daí a pergunta já se foi.


Depois, é tudo isso flutuando na mente, ideias doentes... E amanhã... Continuo sem saber... 

sexta-feira, 7 de março de 2014

O nome...


Quando você olha,
De quem são os olhos que você?
E quando você fala,
Quem é que faz você engasgar?
A voz tremer?
A palavra faltar?

Qual é o nome da sua saudade?
O nome de quem invade o sonho?
O nome do sono roubado na noite?

Qual é o nome de quem gira o mundo?
De quem vai trocar o canal da TV?
De quem vai olhar primeiro para você?

Qual é o nome do passado?
Do presente?
Do agora e do depois?

Qual é o nome da lembrança?
Das histórias vividas?
Das tramas escritas?
Das paixões?

Qual é o nome da poesia?
Das canções ouvidas?
Do silencio compartido?

Qual o nome do adeus?
Vai com Deus?
Do até logo?
Do depois?
E do talvez?

terça-feira, 4 de março de 2014

Dia cinza e canção

Gosto dos dias cinzas,
Em que deixo a canção francesa tocar.
É quando faço da minha janela, uma grande tela,
E ali fora tenho algo a contemplar...

Gosto de relembrar as ruas estreitas
Que misturam essências
Entre prédios altos e antigos,
Com flores coloridas nas janelas...

Gosto de recordar os sonhos puros que tive
E saber que os fiz serem moldado em concreto, barro, ferro e coração...
Gosto de me acalmar e sentir (de novo) o sopro do vento frio
De dias que já se foram.

Gosto de sentir no peito que um dia tive coragem
E gosto mais ainda quando algo palpita de novo
Para lembra-me que a vida continua e que está diante de mim
Que está dentro de mim esperando para voar.

E aí posso lembrar que o enredo está escrito e forjado em ferro
E que os próximos passos esperar por meus pés,
E eu os terei de dar...

E existem lugares que terei de chegar,
E páginas que vou criar,
E lombas de livros que irei tocar...

Que meus sonhos continuem pairando no céu,
Que Paris me espere,
Que haja sempre essa mão sobre meu ombro,
Que os dias continuem.

Porque logo, ou mais tarde, eu volto a outros mundos,
Eu seguirei as histórias feitas para mim,
E dançarei nas ruas estreitas
Ao som da canção francesa,
De mãos dados
Ou de livros no chão.

Porque eu sei,
Eu vivo de paixão,
E tenho no peito vida que palpita
E que não me deixar desistir,
Nem dizer não.