quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Outro Planeta...

Houve um tempo, em outro planeta em que se podiam ver as estrelas.

Nesse planeta, de viagens distantes e longas horas na nave de quatro horas, podia-se ver histórias contadas pelas nuvens: bichos fofinhos, sorvetes e anjos.

Nesse planeta atravessavam-se as batalhas dos gigantes de aço cercados de fios de alta tensão, estavam espalhados pelas serras, pelos campos verdes.

Nesse planeta, havia uma janela de vidro que deixava a luz da lua entrar e dava passagem para voar para outro lugar, dessa mesma janela dava para ver quem iria chegar, quem iria passar, quem iria para outro lugar.

Nesse outro planeta, todos os passos dados eram movidos por ideais, sonhos, esperança, crença na mudança... Nesse planeta foram feitas muitas mudanças que levaram a outros planetas.

Mas nesse planeta esquecido, a poesia foi descoberta numa folha de caderno... Os livros foram encontrados jogados num quarto úmido de piso gelado.

Nesse outro planeta, sentava-se na calçada de madrugada e dava para viajar em ideias malucas... E dava para acompanhar e imaginar o mundo das formigas, das abelhas e quase dava para acreditar que se era Deus de outro mundo.

Deve haver, em algum pedaço do espaço, outro planeta possível, cheio de histórias incríveis, cheio de vidas inesquecíveis...

sábado, 12 de outubro de 2013

Da criança que fui...



Uma vez minha irmã recordou uma frase que eu costumava dizer quando eu era criança: “bicho também é gente e gente também é bicho.”

Foi na minha infância que minha família me ensinou a respeitar os animais. Meu pai nunca cansou de dizer que se fosse para ter um bichinho preso ele preferia não ter, foi ele que disse que o lugar dos pássaros é no ar, solto, livre. Assim, como ele ensinou o Dog e a Lana a não caçar os diferentes pássaros que apareciam pelo gramado de casa.

Minha mãe, às vezes, fazia-me pular da cama mais cedo para ver o beija-flor que aparecia nas flores, o pica-pau, o bando de caturritas. Depois que tive de ir morar fora, ela me ligava para contar que haviam aparecido dois tucanos maravilhosos pelo pátio.

Houve uma vez, quando eu era pequena, que um passarinho entrou na sala e, na tentativa de sair, bateu no vidro, minha mãe, prestativa, pegou água e tentou animá-lo e, depois, devolveu-o ao vento.

Lembro-me do meu pai contanto, do dia em que, sem querer, meu irmão atingiu um passarinho e começou a chorar desesperadamente, mais uma vez meus pais estavam lá, para tentar animar o pequeno ser.

Pois bem, pode ser que eu tenha demorado um pouco para entender que o amor, não faz distinções, é incondicional.

Tornei-me vegetariana por eles e vi meu pai tornar-se junto comigo, pois entendia o que aquilo significava. Ele lia os livros que eu lia e compreendia que nós, seres humanos, não somos nada além do que os animais são.

Hoje, sem rumo na minha vida profissional eu sei o que desejo do fundo do meu coração. Sem pretensões econômicas, sem saber se vou morrer de fome, sem chuva de confetes ou status em alguma profissão, sem carreira bem sucedida, eu só sei que continuo acreditando que “bicho também é gente e gente também é bicho.”

Pois conservo em mim a criança que fui e trago em mim as lições que vivi, os ensinamentos daqueles que me moldaram.

Eu quero salvar bicho, eu sou uma criança que ainda acredita que o mundo pode mudar e pode ser um lugar melhor para os animais.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ensinem os seus filhos a ter compaixão!


"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem."
(Arthur Schopenhauer)



No início da noite saímos passear com a Julieta.

Caminhamos pelo centro da cidade, no fim do passeio Julieta parecia cansada e por isso o Lauro resolveu pegá-la no colo, já que estávamos próximos de casa.

Seguimos conversando sobre as preocupações profissionais quando de súbito, fui surpreendida com um garotinho que andava de bicicleta e que se dirigindo ao Lauro, disse: Tio, posso passar a mão nesse cachorrinho?

Fui tomada por uma alegria...

Lauro, disse que sim, desde que tomasse cuidado, pois, como a Julieta ainda é uma “filhotona” nós não sabíamos como poderia reagir.

Ela, por sua vez, tentou cheirar o menino e logo começou a abanar o rabo.

Quando já estávamos seguindo nosso caminho consegui ouvir o garoto, que contava alegremente para sua mãe que tinha passado a mão num cachorro.

Acabei lembrando-me de uma canção que diz: “Ensinem os seus filhos, ensinem a ter compaixão.”

Pensei, que se fossemos capazes de compaixão aos animais, seríamos capazes, de como esse garoto, ver a vida animal com respeito, com igualdade, com o valor que lhe é cabível, mas que nossa visão antropocêntrica foi incapaz de reconhecer. Se tivéssemos compaixão, seríamos portadores de afeto (como foi o menino) a todos os animais e não apenas a alguns. Teríamos, mais do que um forma racional, sensibilidade e, aí sim, poderíamos, não sermos reconhecidos como superiores, mas iguais aos animais não humanos.

Que sejamos capazes, de um dia, deixar outros ensinamentos as crianças, que sejamos capazes de ensinarmos aos filhos do mundo a terem compaixão pelos animais e que nós sejamos, a qualquer tempo, capazes de aprender a ter compaixão e respeito pelos animais.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Inquietação...

Para aqueles de alma inquieta, a arte pode ser a droga mais eficaz quando cai direto na veia.

Escrever é o tratamento de choque que recorro a quando a angústia grita, quando as encruzilhadas da vida se aproximam.

Vasculhar lembranças, relembrar os momentos que não perderam a tonalidade nas fotos, fazem parte do tratamento.

Depois, há de se perceber que o rumo mudou, que mudaram as calçadas e os morros, houve momentos de silencio, em que fui incapaz de debruçar-me sobre o papel, nem uma mísera frase tristonha foi capaz de desfazer-se na folha empoeirada.

Houve novos tempos, novas mudanças, nova mesa, outras janelas, outras calçadas a serem pisados, planos foram desfeitos e refeitos.

Surgiram novas certezas, que juntas, trouxeram mil incertezas, mil conceitos fora de conceito.

 A palavra refletida, antes de escrita volta a surgir, aos poucos, como forma de consolo, como forma silenciosa de ajudar a encontrar a decisão certa para o próximo passo, no próximo caminho do descaminho já descrito no destino.

Depois, a música repete-se mais um milhão de vezes, o texto não é bom e o último parágrafo não o tornará melhor. Sem foco, nem mesmo a escrita é capaz de me encontrar, eu vim divagar e vou. Morrer de fome, talvez também... Sem certeza, na dúvida, no que fui ontem, no que sou hoje e do que sobrou pro amanhã... Eu vou sem saber o que farei ou o que serei, eu não sei.

Se houver compromisso, abra a agenda, deixa um bilhete, lembre-se que eu vou. No momento decidi sentir, apenas sentir tudo aquilo que minha alma pede como alimento, eu devo sentir.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A saga por uma bota em couro sintético.


Nessa semana, depois de dias de muita chuva e muito frio e estando com os calçados todos molhados resolvi ir atrás de uma bota nova para continuar aguentando a chuva.

Pois bem, junto com o meu namorado fomos às maiores lojas entre Gramado e Canela.

Logo na entrada, quando a vendedora se aproximava e perguntava se podia ajudar eu dizia: Sim, vocês têm alguma bota em couro sintético?

A resposta era quase que imediata: Trabalhamos apenas com couro legítimo.

Numa outra loja, a vendedora alegou que teriam uma bota, uma única bota num mar infindável de calçados, diga-se de passagem, mas nem mesmo esse único par foi achado.

Voltei para casa sem calçado. Fiquei e continuo pensando sobre o ocorrido e sobre os desafios que, um vegetariano/vegano, ou qualquer um que acredita na vida animal, passa: pedir para tirar a carne do prato solicitado no restaurante, não encontrar lanches prontos que não tenham carne e quando pedir se tem algo sem carne ouvir “só de frango”, não encontrar calçados sintéticos, não encontrar produtos não testados em animais, entre outros tantos.

Também pensei que enquanto tantos indivíduos procuram sapatos de “qualidade” eu só quero algo para por nos pés livre de crueldade. Enquanto alguns buscam marcas, modas, couros legítimos, eu só quero um calçado livre de crueldade animal.

Por enquanto, continuarei sem.


domingo, 8 de setembro de 2013

Bom mesmo é sentir-se viva...



Sempre tive necessidade de sentir a vida pulsar. Sem precisar ler Nelson Rodrigues para entender que a vida é como ela é.

Pois bem, a clausura deprimiu, o frio doeu, a mudança foi insegura, a dúvida remoeu, dias longos vieram com chuva inacabada.

Mas agora, dias de sol, almoço rápido, ônibus lotado, avenida troteada, casaco no braço, eu sei que a vida é isso é assim que tudo faz sentido... Cheirar os aromas da rua, correr o risco de pegar chuva e não ter guarda-chuva, encarar a lotação de pé, checar o horário para evitar o atraso, correr para voltar para um novo lugar, aquele que já denomino casa, abrir a porta e ver um rabinho que abana sem parar, que me esperou pela tarde e que agora quer brincar...
Viver é ter a oportunidade de aprender, o cotidiano faz merecer por merecer.

Tenho uma nova vida, com flores na mesa, lista de supermercado, contas para pegar na caixa do correio. Eu tenho uma vida com livros espalhados, quarto bagunçado, móveis usados...

Tenho uma vida que têm sonhos acompanhados, caminhos cruzados, passeios de mãos dadas, espera na rodoviária, máquina de escrever, bilhetes, esperanças, crença na vida, apoio, alguém para escrever...

Tenho uma vida que me faz viva, que não é fácil, mas me faz sorrir todos os dias.

Já não vejo a vida passar, não estou na margem. Agora, eu sinto que o tempo passa sem que haja algo a lamentar. Eu estou no lado certo, no meu lugar, aquele em que os as estrelas traçaram para eu estar. Eu estou vida e é bom estar...

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Uma vez eu queria fazer mestrado!



Humanidade respeite quem ainda tem sonho!


Houve um tempo em que eu almejava fazer um mestrado, sem objetivar ter um título, um papel pendurado na parede, sem um meio para alimentar meu ego, nem um título a ser apresentado, nem uma forma de obter alguma renda financeira.
Houve um tempo que eu desejei fazer mestrado, pois sabia que o meio acadêmico era o meio em que eu acreditar ser possível buscar um resultado diferente, onde se poderia repensar o mundo, a sociedade, porque era o meu meio para defender a vida animal.
Houve um tempo em que eu acreditei nos meus ideais e tentei seguir. Nesse mesmo tempo as portas foram fechadas, barradas a ferro. Motivo: Ninguém pesquisa direito animal, não há linha de pesquisa, não há orientadores, não há bolsa disponível, nem pessoas interessadas.
Pois bem, aqui estou eu, sem interesse em qualquer reconhecimento, sem interesse em qualquer sucesso financeiro, sem esperar mérito ou confetes na cabeça.
Eu só sou alguém tentando fugir dessa grande bola de neve, sair do giro das mesmas pesquisas que não dizem nada, que não mudam nada, mas que geram algum estrelismo entre os corredores do mundo acadêmico.
Eu só sou alguém que se sente comprometida com a causa animal e que tem, dia a dia, se esforçado para, de qualquer forma, buscar o devido respeito à vida animal, sem qualquer interesse além desse.
Mas aqui não há espaço para quem quer fazer diferente, para quem quer mudar de ideia, para quem quer pensar diferente e repensar e pensar outra vez.
Aqui, você perde a noite de sono, pensando no que as pessoas disseram sobre trocar de tema se quiser entrar no mestrado ou trocar de cidade ou de país, ir para um lugar onde já se possa ter outro pensamento.

No fim, pode ser que eu não entre no mestrado, porque eu não vou abandonar meus ideais, nem vou deixar de lado o compromisso que eu assumi com a defesa da vida animal. 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O que será que será?


Troquei a TV pela vista de uma janela, ali pude ver a novela sem ver o final... Sentei no chão, sonhei que uma voz do passado que reclamava por não ter esperado...
Esperei... 
Sobre muita coisa eu fiquei no “não sei”...
Continuo sem saber, vou sem entender o porquê... E por que, afinal, tenho que saber? De repente, eu só preciso aprender, é a lição de casa dessa temporada, tarefa para passar para a próxima série, a vida é uma escola, não é?
Deixa passar, deixar ficar o que restou para ficar... Deixa para lá, para e para de pensar...
Volta atrás e vai ao velho mundo ou deixa para trás o que há de deixar e começa agora, aguenta o frio que a estação manda aguentar...
Voltar ao velho mundo, atravessar o mar ou fazer o mundo, aqui, girar? Pintar a parede ou colar o papel na parede? Levantar uma nova parede ou reformar, concertar ou jogar concreto nas rachaduras?
Chorar ou engolir?
Inventar a felicidade ou voltar ao que parecia feliz?
Ir em frente, optar em dançar no ritmo da música, não esperar para saber qual é o próximo ritmo que irá tocar... Vem pra roda, deixa o resto pra lá, não adianta esperar, ver no que vai dar, o que pode dar... Não dá...
Compreenda que há muito para não se compreender e sobre isso não adiante se prender, deixa-se viver, deixa-se crescer, no fim sempre é como deve ser... Só se pode ser...
O que será, sempre poderá ser e o que tiver de ser será...

Ou, de repente, quem sabe, não sei, quem sabe eu me encontre em Pasárgada, mas devo continuar sem saber... 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Para quando parar de doer...


Luz, câmera, ação!
Ação!
Ação!
Ação!
A luz foi cortada, a câmera quebrou...
Ação parou na mão...
Mulher da vida, caminho durante o dia. Parto, não espero pelo sinal fechado, desfaço nos passos o desespero da vida dizendo não... Não, não, não...
As mãos ainda tremem, mesmo assim consigo lavar os pratos e de manhã voltarei a beber o café fraco e quando este acabar vou beber o café solúvel... Solúvel não é desculpa...
O arco-íris não foi visto mais... Nunca mais... Mas o pôr do sol está logo ali... Depois de engolir... Engoli o choro e sorri...
Parti aos poucos, secando como a folha do chão até sumir. Fui amarelando como os livros parados na estante... Na mesma estante em que ficaram guardados, quase escondidos, bem em cima, na caixa escura, os sonhos, a fé na vida, a crença pelo impossível, utopias e balões coloridos, flores guardadas com carinho, retalhos...
A noite esqueceu, no chão, a marca do vinho, taça guardada, garrafa no lixo, confiança vira gozo... Desgosto é perder o sono e não saber se deixou gosto...
Desconheço o rosto, escondo o corpo, o desespero fica nas margens do riso... O desespero redescobre os riscos, faz grito quieto, escreve as palavras que não foram ditadas...
A ditadura armada abre espaço e fala, cala e declara como pode, porque não sei...
Porque no fim, quando a maré resolver mudar, quando o Universo conspirar, quando Deus lembrar eu continuarei sendo ninguém e alguém poderá lembrar que nem mesmo as maiores dores do mundo foram capazes de desfazer, em pó, quem vive inundada de sentimento...
Nenhuma espada cravada no peito será capaz de frear a visão para a árvore florida no meio da rua...
Porque, uma coisa é certa, amor não é solúvel, amor resgata fé, amor faz seguir a caminhada e esperara na calçada até os carros pesados passarem... A vida continua me fazendo acordar cedo e andar, mesmo sem motivo, sem compromisso, sem objetivo ou ritmo... A vida continua levando coisas e deixando a mensagem para se psicografar... O melhor é deixar viver, com ação ou sem, com emoção, talvez. Ninguém avisou que se poderia sofrer, mas há que se saber que isso, também é viver...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dia 12 de junho...



Hoje o dia nasceu com um ar diferente... Pareciam que as árvores haviam substituídos suas folhas por pequenos corações vermelhos em papel brilhoso, nas redes sociais, todos expressavam seu amor... As lojas de chocolate estavam lotadas, produtos esgotados...
Suponho que nunca vi tantos homens que andavam pelas ruas carregando os mais diversificados tipos de flores e embrulhos de presentes... Eram adolescentes, jovens, senhores... E mulheres que entre bolsas e casacos carregavam rosas vermelhas... Casais que andavam de mãos dadas, expressavam-se livremente entre beijos, abraços, risos soltos... Nas esquinas mais alguns chamavam atenção para as suas rosas: vermelhas, brancas, amarelas...
Vi fotos de todos os tipos, coloridas, em preto e braço... Em todas elas haviam pessoas que sorriam juntas...
No meu canto tudo permanecia em silêncio, o telefone, o interfone, a campainha... Fiz o mesmo caminho, carreguei os mesmos livros, a mesma bolsa, mas hoje algo estava diferente e eu senti algo bom diante do dia pintado de doce.
E eu pensei que, de repente, todos os dias poderiam ser o dia de hoje, não de compras infindáveis, mercadorias mil, não... Mas de sabermos o quão importante é ter alguém para sorrir junto, para guardar em fotos os risos e na memória a história, alguém que saiba que o que realmente importa é caminhar junto.
E que ter amor e ser capaz de entregá-lo a alguém é divino...
Pensei que, já deveríamos saber demonstrar aquilo que não deve ser escondido, porque não há motivo... Porque, na verdade, não vale a pena viver sozinho... O que vale apena, é arriscar sem ter pena, estender a mão, puxar se for preciso...
O Amor não precisa de dia, não tem dia, todo dia é dia... Amor mesmo é para ser celebrado a cada instante...

Amor é descobrir que lar de verdade, é no colo de alguém, é reconhecer no abraço do outro o seu lugar no mundo...

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Houve um tempo...

Houve um tempo,
Em que se pulavam cercas em busca de pôr do sol,
Houve um tempo que saímos correndo do trabalho,
Pulávamos na cascata,
Registrávamos cada segundo do tempo...
Houve o tempo de fotografias...
Houve um tempo em que brigas eram quase diárias,
Que havia ciúmes,
Declarações na mesa do bar...
Houve um tempo em que ao despertar do sono
Havia olhar de contemplação...
Houve um tempo em que se chorava,
Que havia mudança,
Mas exista plano a dois...
Houve um tempo que passado não atormentava,
Não havia receio...
Havia certeza...
Houve um tempo em que não se queria estar só...
Tempo de amar,
Tempo de esperar...
E nos piores momentos alguém saberia falar alto,
Proteger sem brigar...
Houve um tempo de viver das coisas simples,
De chorar juntos,
De fazer piada, sujar o carro lavado,
De saber o que existe para sempre...
Houve um tempo que foi preciso aprender,
Foi preciso deixar-se crescer...
 Houve um tempo que me moldou,
Que ficou cravado na minha essência,
Que desenhou o tempo de hoje,
Que não é deixado em estrada nenhuma,
Reta nenhuma...
Muro nenhum...
Que não se abandona,
Nem se faz como dono...
Houve um tempo que não me fez destroços,
Que não esmigalhou meus ossos,
Fez-me de aço...
Porque houve um tempo
A ser ouvido...
Há nos olhos detalhes a serem ouvidos todos os dias,
Coração que fala a todo instante,
Mas não é sempre que existe tempo capaz de ouvir...

domingo, 19 de maio de 2013

Moral da história...


A mim coube trazer estocado no peito o interrogatório do pensamento... Pensar no que tenho para viver amanhã, o almoço da semana, o que irá se consumir do meu sono na noite, o choro que vai vir quanto todos já foram e quando o passado tenta explicar o presente e estar ausente é ser presente...

Os dias de chuva não me aborrecem nem entristecem, mas tecer a tarde numa dúvida de sempre: qual é a essência da vida? Eis o que me faz descer goela à baixo a angústia... Interrogação absoluta... Dívida jamais quitada...

Tenho em mim a ânsia de viver, fazer o mundo correr, ver chover, mover os pratos, derrubar o muro, puxar pela mão, trazer você... Saber que existe drama aqui, mas que mesmo assim eu sei sorrir, é o que prefiro...

Desculpa se o fiz sem ter por que, a mim coube fazer o que deveria fazer: abrir seus olhos e mostrar o caminho que há de caminhar. Porque esperar se há o agora para criar? E depois, ainda se pode continuar...

Que o concreto armado sirva de suporto para o castelo dos sonhos coloridos, suporte contra as bandidas dores do mundo nos corações escuros...

Porque a brutalidade não impede a força do que se faz delicado. A delicadeza não pressupõe o fracasso, perfaz a alma, torna terno o toque que protege... E a flor pequena e frágil continua a crescer no asfalto...

Pois é preciso trazer a delicadeza nos olhos para podermos reparar naquilo que dita o que é belo na sua essência... A simplicidade não se faz em preço.

Eu quero poder ver, enxergar e reparar, plantar e aprender a colher, e eu quero poder dizer que nesse grande pregar de peça que a vida impõe: vale a pena abandonar as roupas velhas e as frases ensaiadas e a rebeldia mentida, sempre, pela multidão, proferida, e mostrar as vontades que ficavam escondidas e dizer com liberdade que já não prefiro o drama e ser livre e ter coragem para saber que os clichês também dão dignidade, e que não há problema de querer seguir o fluxo da vida, e ensinar os pequenos seres, nem a sonhar algum sonho que a humanidade diz que não se deve sonhar... Não há problema em querer ver o mundo ao lado de alguém, e poder querer, e querer ser com alguém...

E eu quero saber onde estará à foto, se haverá alguma para mostrar e qual será o cenário: dia, mês, sorriso não ensaiado... Não é preciso esconder, não existe nada errado em admitir o que trago no peito...  Eu sou infinita...

Porque no fim, o que vai restar será apenas: Moral da história...

E será bom que alguém a queira ler...

terça-feira, 23 de abril de 2013

Agora, repara...



Basta apenas um instante para que a alma seja tomada pelo vazio, reflexo da mente doentia, das profecias feitas na sala de aula, depois de todos já terem partido... Um instante que dissipa o otimismo, a crença em dias melhores...

Não passa de uma alma incompreendida, tentando remodelar um mundo feito de estruturas de aço infindável, que jorra concreto por cima da flor, dita regras para o desamor, eleva o desertor e o consumismo não é visto como ditador...

As canções já não são mais hinos, os livros foram trocados, abandonados, jogados no lixo... E aqueles que não tiveram a alma blindada pela produção em escala, acreditam que não possuem o direito à felicidade, seguem nadando contra o amargo rumo que a multidão toma...

Vomitam suas verdades, expõem-se, ficam a beira do abismo, a menos de um milímetro do precipício, não se transvestem, nem fingem, ariscam, pois querem apenas a vida como ela é, não almejam falsas verdades... E porque, ao fim, sabem que o mundo encantado que almejam, é a simplicidade, distante dos ditames da modernidade...

É lá que fazem o esconderijo secreto, abandonam os abalos do mundo e criam um universo calmo, de canto de pássaros e livros lidos, onde a criança para e colhe, no asfalto, a flor que assopra e voa, e quando voa dissipa o vazio... Afasta as dores do mundo e trás de volta a cresça, a felicidade...

Agora, repara, o melhor caminho é aquele que se faz com Amor...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Nota sobre os últimos dias...



Nos momentos de choro é quando também se conhece. Pode ser que os últimos dias não tenham saído como se esperava, mas o dia-a-dia revela o que a própria vida, ao seu percurso, ensina...  Que a beleza da rosa exige a existência dos espinhos... E que mesmo assim, a beleza da rosa continua valendo a pena, vale tentar arrancar cada acúleo...

E que mesmo depois de ver o sábado ensolarado, sábado de riso largo, aquele riso fácil que faz doer o rosto, mesmo assim, corre-se o risco do domingo ser de choro incontido... Há tanto tempo contido, guardado, acumulado... Cansaço que eu não desejava entregar, aos pedaços, a ninguém...

É preciso parar, às vezes pensar, outras vezes simplesmente, deixar ao ar... Porque eu sei que não sou quem vai abrir a janela e ver o mundo acontecer do lado de fora, porque eu estou abrindo a porta e pegando o caminho, lentamente e, na maioria das vezes, ainda, indo pelo acostamento... É preciso bater de frente e encarar a entrada no ônibus, sentar e ter calma para ver dissipada a vontade da lágrima de rolar, para compreender que no momento exato tudo volta ao seu lugar e ter sabedoria, por afinal não pode se perder aquilo que não se tem... O tempo deixa, e o que nos pertence, vem...

E eu sigo no ritmo do vento, às vezes como brisa, outras, ventania, porque já sei gladiar o medo e mesmo tendo que me render ao choro em algum domingo qualquer, eu estou alimentando meus sonhos, regando minha rosa, cuidando do que me é precioso...

Sim, eu vou com o vento, deixando a mão estendida àquele que quero que ande ao lado, mas estou andando com cuidado para não pisar nas formigas...

Agora, estou descendo do ônibus... Deixei lá dentro o amargo da despedida, o abandono... Pego a rua a passos firmes, de pensamento firme, sem esperar que a vida diga, afinal, sei para onde vou, para quem vou... Porque sei que logo, ali em frente, eu sou...

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Dedico...


Se antes tudo permanecia em silêncio,
Dançando sozinho, no escuro,
Fechando os olhos,
Esquecendo o mundo...

Se antes, a angústia fazia barulho,
O dia era cinza escuro,
A poesia refletia a incompreensão do todo,
Descaminho confuso...

Antes, eram dias pensados,
Casos pensados,
Fluxo sintetizado,
Sobrava nada para o amanhã...
Foi ontem...

Hoje é pôr do sol vermelho,
Acordar e ser o primeiro pensamento,
Aproximar o travesseiro,
Sonhar a dois,
Fazer o mundo com a paleta de cores
Que juntos se aponta...

Foi longe,
Não houve medo de chamar,
De pegar o ônibus e encontrar...
Tão cedo, fui capaz...

Tão logo,
O coração quis palpitar,
A fala tentou segurar,
Mas o fim da tarde veio
Para apoiar no ombro e falar,
Dizer que é isso... Amar...
Porque quer cuidar,
Fazer feliz,
 Ver chegar,
Não deixar partir...

Sem mais,
Volto a acreditar...
A vida fez o trilho,
Segui...
Porque você é o meu lugar...
É onde quero estar...

É você,
Porque a flor do mundo
Nasce no momento certo de nascer,
Não morre,
Não se perde...

E a vida é assim,
Uma caixinha de surpresas,
Que quando abre é pra mostrar,
 O que é sinônimo de amar:
Arrumar a flor da lapela,
Olhar na noite agitada,
Deitar do lado,
Esperar acordado,
Preparar o café,
Ser um romântico cômico
Testando receita,
Indo buscar.

E assim,
Dedicar as mais simples palavras,
Os mais sinceros versos,
Ter saudade,
Cantar-lhe e dedicar à manhã de sol...

A vida é mesmo assim,
Fênix que queima e faz cinza
O que nunca existiu...
Mas que devolve, na mão,
No instante exato,
A essência, a verdade,
Aquilo que sempre fez parte de si,
Que volta para si...