Tenho medo,
As duas partes de enxofre
Pelas três partes de carvão
Cobertas pelo nitrato de potássio sujo
Definidos por suas ideias,
Apontados pelas suas mãos,
Queimados pelos seus olhos,
Temidos pelo meu coração...
As duas partes de enxofre
Pelas três partes de carvão
Cobertas pelo nitrato de potássio sujo
Definidos por suas ideias,
Apontados pelas suas mãos,
Queimados pelos seus olhos,
Temidos pelo meu coração...
Descreve a composição da
pólvora
E eu vou na contramão
Da química exata,
Faces da inexatidão...
Tenha cuidado com as
queimaduras,
Explosão da pólvora em meio à
multidão...
Temores multiplicados
É que destroem o coração...
Enquanto traço padrões
Seus traços se arrastam pelas
multidões,
Seu coração é do mundo...
Sobram as reações,
Que passam rápidas pelos meus
olhos fundos...
Conheço o mundo por suas
moléculas
E você conhece dos habitantes,
mesmo distante de tudo...
Fecha os olhos e esqueça tudo,
As moléculas e os (des)mundos...
De padrões, multidões, traços
e corrimões,
Abre a janela, pula e vem
junto...
Espera no frio ali de fora,
Eu abro a porta e trago a
pólvora...
Vamos queimar o
mundo,
Assistir de perto
o fim da velha cor,
Que decreta o fim
de toda dor...
Seria isso o que
os poetas chamavam de amor?
Ou talvez, toda
química que me corrói
Não nos permita
fugir do frio...
Seria isso...
Ou qualquer coisa
disso...
Já disse...
Sei o que nos
permite...
E o amor, quando
pode, que nos habite...
Suspende agora o
frio lá de fora...
Pois eu tenho
pólvora
E você tem a
fórmula na memória.
Autoria: Daísa Rizzotto Rossetto e Matheus Barbosa.