segunda-feira, 22 de abril de 2013

Nota sobre os últimos dias...



Nos momentos de choro é quando também se conhece. Pode ser que os últimos dias não tenham saído como se esperava, mas o dia-a-dia revela o que a própria vida, ao seu percurso, ensina...  Que a beleza da rosa exige a existência dos espinhos... E que mesmo assim, a beleza da rosa continua valendo a pena, vale tentar arrancar cada acúleo...

E que mesmo depois de ver o sábado ensolarado, sábado de riso largo, aquele riso fácil que faz doer o rosto, mesmo assim, corre-se o risco do domingo ser de choro incontido... Há tanto tempo contido, guardado, acumulado... Cansaço que eu não desejava entregar, aos pedaços, a ninguém...

É preciso parar, às vezes pensar, outras vezes simplesmente, deixar ao ar... Porque eu sei que não sou quem vai abrir a janela e ver o mundo acontecer do lado de fora, porque eu estou abrindo a porta e pegando o caminho, lentamente e, na maioria das vezes, ainda, indo pelo acostamento... É preciso bater de frente e encarar a entrada no ônibus, sentar e ter calma para ver dissipada a vontade da lágrima de rolar, para compreender que no momento exato tudo volta ao seu lugar e ter sabedoria, por afinal não pode se perder aquilo que não se tem... O tempo deixa, e o que nos pertence, vem...

E eu sigo no ritmo do vento, às vezes como brisa, outras, ventania, porque já sei gladiar o medo e mesmo tendo que me render ao choro em algum domingo qualquer, eu estou alimentando meus sonhos, regando minha rosa, cuidando do que me é precioso...

Sim, eu vou com o vento, deixando a mão estendida àquele que quero que ande ao lado, mas estou andando com cuidado para não pisar nas formigas...

Agora, estou descendo do ônibus... Deixei lá dentro o amargo da despedida, o abandono... Pego a rua a passos firmes, de pensamento firme, sem esperar que a vida diga, afinal, sei para onde vou, para quem vou... Porque sei que logo, ali em frente, eu sou...

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