Nos momentos de choro é quando também se
conhece. Pode ser que os últimos dias não tenham saído como se esperava, mas o
dia-a-dia revela o que a própria vida, ao seu percurso, ensina... Que a beleza da rosa exige a existência dos
espinhos... E que mesmo assim, a beleza da rosa continua valendo a pena, vale
tentar arrancar cada acúleo...
E que mesmo depois de ver o sábado
ensolarado, sábado de riso largo, aquele riso fácil que faz doer o rosto, mesmo
assim, corre-se o risco do domingo ser de choro incontido... Há tanto tempo
contido, guardado, acumulado... Cansaço que eu não desejava entregar, aos
pedaços, a ninguém...
É preciso parar, às vezes pensar, outras
vezes simplesmente, deixar ao ar... Porque eu sei que não sou quem vai abrir a
janela e ver o mundo acontecer do lado de fora, porque eu estou abrindo a porta
e pegando o caminho, lentamente e, na maioria das vezes, ainda, indo pelo
acostamento... É preciso bater de frente e encarar a entrada no ônibus, sentar
e ter calma para ver dissipada a vontade da lágrima de rolar, para compreender
que no momento exato tudo volta ao seu lugar e ter sabedoria, por afinal não
pode se perder aquilo que não se tem... O tempo deixa, e o que nos pertence,
vem...
E eu sigo no ritmo do vento, às vezes como
brisa, outras, ventania, porque já sei gladiar o medo e mesmo tendo que me
render ao choro em algum domingo qualquer, eu estou alimentando meus sonhos,
regando minha rosa, cuidando do que me é precioso...
Sim, eu vou com o vento, deixando a mão
estendida àquele que quero que ande ao lado, mas estou andando com cuidado para
não pisar nas formigas...
Agora, estou descendo do ônibus... Deixei lá
dentro o amargo da despedida, o abandono... Pego a rua a passos firmes, de
pensamento firme, sem esperar que a vida diga, afinal, sei para onde vou, para
quem vou... Porque sei que logo, ali em frente, eu sou...
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