Um dia a mais desse ano que se vai, vai para nunca, nunca mais voltar. Eu, como mero indivíduo do mundo, vou cumprindo com aquilo que é minha obrigação cumprir. No fim do dia, depois de alguns minutos esperando na avenida iluminada, observo os passantes que imaginei indo para casa, outros passeando com seus cães brancos e peludos, outros, ainda, estão apenas andando, sem rumo, para qualquer lugar.
Tomei meu acento no ônibus, abri o livro, li apesar do balanço do transporte que fez algumas paradas, onde pessoas desceram. Tudo estava calmo, tranquilo naquela noite de inverno.
Até o policial atacar o ônibus, para-lo, para saber se tudo estava bem, se não havia nenhum suspeito, dizia que a cidade está muito violenta, e que os assaltos aumentaram. Eu era a única que estava dentro.
Continuei minha rota, até chegar em casa, atravessar a rua, seguir pela calçada, abrir o portão, a porta, entrar no elevador, subir, abrir, fechar.
Jogada em meio aos livros e xicaras de café eu refiz o dia, o cenário...
Eu, que por um longo tempo tive medo de tudo, da vida, das pessoas... Ando agora pelas esquinas, gargalhando, sem temer... Agora eu já tirei a toca, já mostrei o que não sou. E as adversidades da vida o que eu são diante de mim e das minhas dores? O que são diante dos meus membros mutilados? Diante das partidas? Das esperas que nunca chegaram...
Eu não estou no circulo, não pretendo estar. Eu sou preto diante de tudo que é branco, eu estou andando na chuva, no sol, indo do inverno ao verão. O porquê eu ainda não sei... Mais isso é só mais um “não sei” que existe em mim...
E eu continuo pelo caminho que eu faço, fora dos moldes, eu invento o caminho. É assim que deve ser, é
assim que será.
Porque será que eu gostei tanto da parte das gargalhadas?...e porque será que eu amei tanto este último parágrafo?...você tem o dom!!!
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