“Não sei que passos darei, não sei que espécie de verdade busco: apenas sei que se tornou intolerável não saber.” (p.49)
“É sobre tudo a ideia do prolongamento infinito que me fascina.” (p.50)
“ quem sabe a cegueira não seria preferível à visão agudíssima do falcão instalada em órbitas humanas?” (p. 62)
“O mesmo se diria de pintar, mas torno a dizer que escrever me parece arte doutra maior subtileza, talvez mais reveladora de quem é o que escreve.” (p. 163)
Depois de algum tempo sem dedicar um espaço no blog para as sugestões de livros, estou de volta para falar sobre o último livro que li: Manual de Pintura e Caligrafia, do grande José Saramago.
Saramago, para mim, é um visionário, pensador do mundo, amante das palavras que nos faz conhecer outros lugares em cada página de suas obras. Manual de Pintura e Caligrafia não é diferente, sua primeira publicação é de 1977.
“O que ainda não está, o que veio e transita, o que já não está. O lugar só espaço e não lugar, o lugar ocupado e, portanto, nomeado, o lugar outra vez espaço e depósito do que fica. Esta é a mais simples biografia de um homem, de um mundo e talvez também de um quadro.” (p. 166)
“É verdade que não preciso de muito para viver. Se for necessário chegar a esse ponto, sei que me bastariam quatro páginas (queria escrever paredes), uma cama, uma mesa e uma cadeira. Ou duas, para não deixar de pé um visitante. E o cavalete – já que assim tem de ser.” (p. 170)
O Manual é um romance, embora, como o nome diz, seja também um tratado, no sentido da pedagogia medieval, no bom sentido das obras de Rousseau e no melhor sentido do ingimento pessoano, este de que se faz a arte de imitar o mundo pela pintura, a pintura pela linguagem, a linguagem pelo mundo. (do site http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=10348).
Tenho que dizer que esse livro foi o primeiro que risquei, mas foi por uma boa causa, há colocações, pensamentos, ideias de Saramago que devem ser destacas, entre os destaques que fiz, separei algumas para este post. Espero que gostem e que elas instiguem os amigos leitores a conhecer a obra... Vale a pena
“o meu problema não é uma falta, mas uma espécie de presença.” (p. 204)
“Sempre fui sensível ao absurdo das despedidas de cais, com tudo já dito e sem tempo para recomeçar, com um comboio que não se decide a partir e um relógio que soletra os últimos segundos – e depois o alivio, enfim, da partida, mesmo que, desaparecida ao longe a ultima carruagem, os soluços rebentem e apareça o desgosto que parecia não haver.” (p. 290)
“Há momentos assim na vida: descobre-se inesperadamente que a perfeição existe, que é também ela uma pequena esfera que viaja no tempo, vazia, transparente, luminosa, e que às vezes (raras vezes) vem na nossa direção, rodeia-nos por breves instantes e continua para outras paragens e outras gentes.” (p. 291)
Um abraço aos amigos... Boa semana e boas leituras...
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