Não pertencer a lugar algum, sentir o corpo
enfraquecer aos poucos... Distante do mundo, trancafiada entre quatro paredes
quentes posso deixar-me levar pela melancolia enquanto degusto lentamente
tardes de silêncio, da ânsia que aguarda o choro que não vem...
Volto à terra do passado, volto para onde não
quero estar, me visto com as roupas que não quero usar e uso as falas que se
deve falar...
Não há para onde correr, velhas histórias
continuam por aí, deve ser normal, às vezes, sentir vontade de morrer, como
virar as costas sem dizer adeus, fechar a porta e deu... Ainda lembro o que
posso esquecer...
Sei que não pertenço a lugar algum, aqui nada
ficou, fui sem sobras... Lá continuo pensando para onde vou, interroga-me a constante
insatisfação que se em algum pedaço de chão vou parar... Vou como nômade, sou
andarilho sem trocado no bolso, riscando livros, divagando... Sentindo que, de
repente, tudo está no lugar errado e a vida não deveria ser a estátua da praça,
entres dias de chuva pesada e o sol que racha, sempre intacta...
De repente, volto às canções que me
acompanharam em outras noites, estou outra vez entre quatro paredes que me
interrogam e me torturam, não acalentam nem ajudam... Fico entre a música e o
som do ventilador... Sem passos, sem rumo, apenas, perto da cama, estão os
chinelos grandes demais para meus pés...
Não tenho lágrimas nem planos, tenho agora
poucos livros e ainda tenho sonhos... Amores loucos já não sabem para onde
foram, fico com a noite de pouco sono... Fico só... Sem futuro, ando só... Vou sem pertences
e sem pertencimento... Sem merecimento voo e só...
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