Tenho descoberto nos últimos tempos que o
tempo passa, que eu tenho passado e que os pássaros têm passeado pelos ares,
mas acabam descendo e na minha chegada posso apreciar a vida calma: estão a
saltitar pelo gramado, bebericam a água que já não está gelada...
Estamos todos a morrer, nascer é pouco,
dançamos no compasso do tempo, do meu, do seu, do outro, tão singular e único
para cada um, assim...
E eu, nessas vagas filosofias, doo fragmentos
do meu tempo explicando à testemunha fiel, ao interrogar-me se acredito na
Bíblia e se tive medo do fim do mundo, que não tive medo que o mundo de
esvaísse num pedaço do tempo. Eu não tive medo, pois sabia que o fim do meu
mundo, no seu tempo chegará, quando assim tiver de ser e que será pontual, sem
atraso ou demora... Já não tenho medo, terei do mundo o tempo que será somente
meu ter, depois, eu saberei dizer adeus...
Agora, sem demora estou no caminho e eu mesma
escrevo minha história, dias sem glórias, dias que fazem memórias enquanto o
resto passa... Abro e fecho os olhos, navego quando assim me apetecer, eu tenho
meus tormentos e não é ruim estar sozinha, sei ao que devo recorrer, sei quem
devo socorrer... Sei das paixões e dos
amores, dos que vieram, dos que não passaram, de quem não se despediu, de quem
sumiu e não faz falta... Mas sabor de verdade é quando despimos e mostramos a
alma em forma pura, assim, como voar frente ao penhasco, ir... Caberá o riso ou
o choro, mas o que vale é sentir...
Estou desarmada e viva, continuo andando e
carregando palavras, continuo crendo no que não se pode mais acreditar, só
assim posso me guiar. Sonhos nunca são demais e a mim não faz mal crer em
utopia, porque o que eu quero é magia, cerveja, beijos de amores idos e vindos,
dos que não voltaram mais, boemia. Porque querer falsas alegrias se tudo acaba
um dia?... Eu quero ter, eu quero ser a poesia...
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