terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Da Poesia...



Quanta poesia ficou na noite,
Entre o sonho
E um lugar distante...
Uma espera,
O arrastar dos anos...
Quanto da poesia ficou na falta de sono,
Que se dissipou aos poucos,
Como as sobras do corpo já morto,
A fala que não enrola a língua do bêbado tonto...
Que o dia siga no ritmo da poesia,
E que a poesia,
No traçado de cada verso
Assimétrico,
De rimas vulgares e perdidas
Não esqueça
A ideia de um país das maravilhas,
Nem do chapeleiro maluco.
Que faça mágica à noite sem chá
E que faça continuada as lembranças
A ti (poesia), sempre relacionadas.
E que faça, ainda,
Uma história inacabada,
Que viva a todo tempo,
Em cada tempo,
De distância e de saudade,
Sem fazer esquecimento...
Espera...
E sei que é você,
Como máquina do futuro,
Que sabe da sensibilidade,
Daquilo que temos de profundo,
 E que se impõe em minhas mãos
Para que trace os versos,
Sem rimas,
Para que possamos mergulhar no poço,
No fundo,
Distante de tudo...
Que a poesia não me abandone,
Que seja a companheira
Durante os dias,
Os instantes que se instituem
E em que neles não o vejo,
Não o escuto nem o leio...
Que a poesia também o acompanhe,
E possa ela contar-lhe,
Dos sentimentos que dedico,
Do idealismo não perdido,
Do toque suave que não é esquecido,
Do olhar silencioso e calmo que divido...
Que haja sempre um jamais,
Que a história siga,
Que a noite faça-se dia,
E quem sabe, “um dia”,
Não se consuma em um ponto final.
Mas que a poesia se una...

Um comentário:

  1. Quanta poesia se esvai do mundo...
    Nos olhares acinzentados e sem brilho
    No coração sem magia que vaga infeliz
    Não deixemos jamais que a poesia nos fuja
    Que abandone o olhar despreocupado,
    O olhar da criança pura...
    Onde está a poesia dos olhares embaçados?
    Talvez tenha se perdido com o tempo,
    Tempo em que cresceram,
    Tempo em que esqueceram,
    Tempo em que abandonaram parte da alma...
    Mas nós não...
    “Somos apenas crianças mais velhas, querida”
    Atravessamos o espelho...
    Lembramos dos toques,
    Dos olhares...
    E das simples e encantadoras estranhezas
    Vemos o outro mundo com o espírito rebento
    Driblar as regras...
    Fugir às tecnicalidades mórbidas e frias...
    Sim, que o dia siga o ritmo da poesia
    Que vire noite e volte a virar dia
    Que alimente a lareira
    Com as palavras livres e despreocupadas
    Que a poesia aqueça nossas almas
    E quem sabe...
    Tire o fosco dos olhos embaçados
    Que venham as reticências!
    Mas não para omitir as palavras não ditas,
    E sim, para inspirar aquelas ainda não pensadas
    Sem jamais ter um ponto final...

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