A noite deixa o rastro de poesia,
Dormir já não dá mais,
Os versos rondam,
Caem no papel,
Como cai por terra a singela recordação
Do passado
Que não passou...
Que o ruído das canções
Sejam aniquilados,
(mesmo que aos poucos),
Pelo som da poesia...
Desfaçam-se no ar os tetos,
Destruam-se os telhados,
Nós vamos alçar voo,
Nosso lugar é a imensidão do céu...
Olha,
Olha para trás e perceba,
Estávamos a crescer,
A preparar as asas,
Fortalecer...
Tive,
Que levar o tombo
Da tentativa de voo,
Cair e esperar...
Só agora poderia ser o agora...
E só agora
O intacto foi tocado,
Aqui,
Ao regresso de dias mansos,
Monótonos,
Dias que restou montar,
Mais uma vez,
O quebra-cabeça,
Antes deixado sem algumas peças
pequenas...
Entre ruas largas e as
estranhezas,
Só através da poesia,
Posso dizer,
Do que levo bem guardado no
coração,
Intocável...
Intacto...
Como um pacto,
Há anos, firmado...
Aceito e zelado...
De tantas voltas,
Voltou-se para o que esteve
sempre aqui...
Mágico,
Quase encantado...
Tão livre,
Deixo-o ir e vir,
Deixo entre dúvidas,
Interrogações que abandonei...
Medo que não me convém...
Já sei
Que do futuro não posso saber,
Nem por isso, deixo de querer...
Você...
Como deve ser,
Como tiver de ser...
Como só nós poderemos fazer
ser...
Sem nostalgia,
Mas sempre sendo constante
poesia...
Deixando ficar o que teve de
ficar pelo caminho...
Estou na pista,
Chegou a hora,
E agora é intenso e alto,
É voar...
Para outro planeta,
Outro lugar...
Voar...