terça-feira, 28 de agosto de 2012

O agora.


Se lá fora o vento é frio, o coração humano parece um congelador conservando a vida morta. Se lá fora as vozes são altas, aqui impera o silencio, a reflexão bagunçada, a viagem e a volta.
No caminho, escuridão, pouca luz, capaz apenas de iluminar as palavras, as frases do livro, agora acabado. O rosto permanece escondido, perfaz-se pela escuridão sem dimensão. As voltas, afasto-me das conversas vagas, olho para a janela que desfigura a realidade lá fora, se chora e recorda, cai no golpe da memória...
Fiz-me como bandeira tremulante, a cada golpe do vento a mudança, o movimento, sempre diferente, sempre a mesma bandeira tremulante...
Fiz-me diferente do caminho dos indiferentes, acabei como um desatino. Transformaram-me no impossível e ninguém se aproxima. Finge-se a coragem, o medo se amplia e ninguém mais enfrenta a maré, a vida continua vazia.
A morte já não assusta, o não já não impede, o medo se fez detalhe, viver pode ser um milagre. Sou sonhadora perdida nos caminhos da lua, sem flores nas mãos, e amores no chão.  Sou apenas uma voz fraca se alimentando da esperança do novo dia, sou apenas mais um andarilho nos caminhos da contramão.


Nenhum comentário:

Postar um comentário