Dias
tão simples tornam-se gigantes pensamentos que se perfazem nas ironias da
vida... Tão gigantes acabam por me perder nas palavras e a frase demora a ser
montada... Depois de conversas vãs, risadas altas, projetos compartilhados ao
redor da mesa, acabo por me fechar para reformular todas as adversidades,
ironias, conversas findas e as não vindas...
E
aquele, até recentes, esquenta esfria, sumir e aparecer, pegar e largar,
afrouxar e puxar acabou agora, num despistar. E depois de tanto pensar, algumas
coisas eu posso concluir, de forma provisória ou definitiva, não há mais o que
possa me ferir. E de um infinito de igualdade, a diferença fatal, do seu medo
de viver a minha ânsia pela vida, ânsia de sugar cada detalhe de cada dia.
Numa
trilha de fugas, castelos de baralho, para cada carta uma desculpa. E na redoma
aquele medo que isola e que é incapaz de escolher a rua sem muros, é o mesmo
que não deixa encarar a distância relativa, e que afasta, é o que prefere
sofrer sem saber o porquê, e que não terá alguém porque não é forte diante de
ninguém. Eu tenho pena, mas eu sou uma ninguém...
Enquanto
você se esconde por trás de dúvidas inventadas, eu prefiro inventar novos
sonhos, novas paixões, novos caminhos, novas histórias, possíveis poesias da
madrugada.
E
hoje, depois de observar os caminhos a minha volta, as ruas e tantas rotas, eu
apenas percebo o meu não pertencimento, a você, ao universo de angústias e de “não
sei”... Do passado já houve as rupturas e lá não volto mais, os próximos dias
reservam o infinito que não houve, jamais... Pode ser que eu caia no
esquecimento, mas nem isso me dá medo, eu sou do vento, eu vou, eu volto, caio
e levanto, perco a noite de sono chorando ou pensando, ganho passos da vida,
ganho de presente a vida...
Se
houve lágrima, haverá outra vez, mas minha liberdade permite ir além e ainda
mais... E de repente, não mais que de repente, sinto-me tão liberta e tão leve,
tão sem medo nem receio. E então, posso dizer que, por um momento, eu quero, somente,
uma taça de vinho, um bom livro (do meu mundinho) e uma paixão sem freios...
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