Há um ano atrás, eu lembro bem como tudo começou...
Na última semana reconheci as já conhecidas sensações...
Redescobrir uma vez mais, um ano depois, que continuo
sem o direito adquirido de ser feliz, de ter momentos bons sem estar alerta,
sem ter de esperar o que pode acontecer nos próximos minutos...
Afinal, mesmo depois de dias de ânimo e riso solto eu
volto a abrir a janela, desesperadamente, inspirando fundo o ar para encher os
pulmões...
Ah, e eu que dias atrás estive no meio da multidão
escutando música ao vivo... Eu que estive na rua dando passos à frente sem
medo... Eu que na noite de ontem, aguentei firme, sentada na cadeira da mesa do
canto do restaurante de paredes vermelhas no centro da cidade sem deixar que o
desespero me levasse para fora... Eu, que ontem respirei fundo e
silenciosamente tirei os sapatos quando os gritos de reclamação começaram
daqueles que queriam dormir com o sol, logo no início da noite...
Estou chorando, mas minha face está seca, meus cílios
estão secos e em meu rosto não há sinal de qualquer mancha vermelha causada por
lágrimas em excesso... Mesmo assim estou chorando, dentro de mim algo se rasga,
se despedaça, dentro de mim algo quer se mover desesperadamente para qualquer
lugar longe daqui, para que tudo isso acabe, para que todas essas sensações
acabem, para que o coração se desaperte, mas qualquer lugar é incerto, é dúvida,
é risco, gera medo, desespero e dor...
Estou escrevendo para poder me aliviar das dores que moram
em mim... Estou chorando por dentro enquanto escrevo para alimentar a vida
dentro de mim... Pra poder respirar... Estou chorando mas estou tentando
seguir, deixando todos esses pedaços, todas as células mortas para trás...
Estou chorando para poder seguir e enquanto sigo estou pisando sob a poeira
cósmica que não pertence mais a mim, à vida que aos poucos se refaz em mim...
Nenhum comentário:
Postar um comentário