domingo, 7 de junho de 2015

Sobre começos, recomeços, dores e necessidade de ar...


Há um ano atrás, eu lembro bem como tudo começou... Na última semana reconheci as já conhecidas sensações...
Redescobrir uma vez mais, um ano depois, que continuo sem o direito adquirido de ser feliz, de ter momentos bons sem estar alerta, sem ter de esperar o que pode acontecer nos próximos minutos...
Afinal, mesmo depois de dias de ânimo e riso solto eu volto a abrir a janela, desesperadamente, inspirando fundo o ar para encher os pulmões...
Ah, e eu que dias atrás estive no meio da multidão escutando música ao vivo... Eu que estive na rua dando passos à frente sem medo... Eu que na noite de ontem, aguentei firme, sentada na cadeira da mesa do canto do restaurante de paredes vermelhas no centro da cidade sem deixar que o desespero me levasse para fora... Eu, que ontem respirei fundo e silenciosamente tirei os sapatos quando os gritos de reclamação começaram daqueles que queriam dormir com o sol, logo no início da noite...
Estou chorando, mas minha face está seca, meus cílios estão secos e em meu rosto não há sinal de qualquer mancha vermelha causada por lágrimas em excesso... Mesmo assim estou chorando, dentro de mim algo se rasga, se despedaça, dentro de mim algo quer se mover desesperadamente para qualquer lugar longe daqui, para que tudo isso acabe, para que todas essas sensações acabem, para que o coração se desaperte, mas qualquer lugar é incerto, é dúvida, é risco, gera medo, desespero e dor...
Estou escrevendo para poder me aliviar das dores que moram em mim... Estou chorando por dentro enquanto escrevo para alimentar a vida dentro de mim... Pra poder respirar... Estou chorando mas estou tentando seguir, deixando todos esses pedaços, todas as células mortas para trás... Estou chorando para poder seguir e enquanto sigo estou pisando sob a poeira cósmica que não pertence mais a mim, à vida que aos poucos se refaz em mim...

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