quarta-feira, 10 de junho de 2015

As folhas brancas sobre a mesa.


As folhas em branco sobre a mesa eu as uso agora para anotações pessoais, para fragmentos de livros, para as anotações depois de cada sessão.
As folhas brancas sobre a mesa já não as uso para anotações de aula, para frases decoradas, profanadas por quem se coloca a frente, no degrau mais alto da sala, declamadas com as mesmas vírgulas a cada novo semestre... As folhas brancas, eu as deixo em casa, não levo para receberem em suas linhas, datas de provas, nomes importantes, artigos, explicações que não se aplicam. As folhas em branco, eu não as desperdiço com o que não é importante mais.
As folhas brancas sob a mesa agora recebem em caneta dourada a minha própria fala.
Em baixo de um livro de mil páginas estão as folhas brancas esperando a descrição dos meus personagens, esperando a descrição dos lugares, esperando as histórias que existem, que se movem em mim...
As folhas em branco estão sobre a mesa, à baixo de um livro pesado de capa dura. Uma grandiosa obra da literatura...
As folhas brancas com linhas azuladas claras esperam sobre a mesa, à baixo do livro pesado. Esperam até o momento de eu puxar e ter em meio aos dedos uma folha solta. Esperam até eu empunhar a caneta de tinta dourada. E esperam até me debruçar sobre ela, até fazer chegar a mão e depois à folha branca todo o universo, todo o realismo fantástico que existe, que se move e que se cria em mim...

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