Veja bem você, o mundo é grande. Perdi uns minutos
entre uma arrumação e outra e olhei no mapa.
O mundo é grande, percebi, e eu não consigo alinhar a
distância entre eu e você. Eu desconheço a linha reta de um ponto ao outro.
Em vez disso, conheci as curvas e deu tempo de notar
as ervas daninhas que nascem rente ao asfalto. E vi que o mato na beira da
estrada está grande demais, atrapalhando a visão.
Esse mundo, eu olho no mapa e vejo a distância em
menor escala, conto nos dedos horas em quilometragem, olho para o relógio...
O mundo é grande e eu não conheço a cidade ao lado.
Fique caçando pernilongo, perdi a carteira de motorista, desisti de ter um
carro, não sei me equilibrar numa bicicleta, parei de correr quando começou a
escurecer, dei meia volta...
Talvez em breve, eu coloque o pé na estrada, de
verdade, talvez eu não leve todas as coisas, apenas umas roupas, alguns livros,
um bom par de tênis, um óculos de sol e todos os sonhos que existem em mim,
todos os desejos que tenho na pele...
Talvez em breve eu veja o sol se colocar entre os
prédios de concreto da cidade, e sem pressa eu ficarei ali, na sacada, vendo o
sol sumir, vendo o escuro da noite chegar, vendo as luzes da cidade serem
acesas... Sentindo toda a banalidade cotidiana eu vou escrever...
Quando isso passar, eu vou lhe contar uma história,
tocar sua mão, talvez beija-las... Talvez, quando isso acontecer, não existam
mais rótulos nem anéis, nem talvez, talvez ainda exista amor e um pouco menos
de teoria, um pouco menos de linearidade, um pouco mais de loucura, um pouco
mais de vontade...
Assim a gente recorda a estrada. O caminho de chão e
a estrada...
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