Minha letra não é bonita de se conhecer. Mas
trago nas mãos o “sentimento do mundo” e quando chego ao papel em branco, cheio
de interrogações, exclamações e três pontos, eu transbordo.
Minha letra não é bonita, mas não importa...
Ainda sou capaz de escrever, numa letra que poderia ser chamada de garrancho...
E depois, ainda, talvez seja compreensível de ler.
Ninguém mais conhece letra alguma, nem de
forma, nem discursiva. Eu guardo o pouco que tenho de quem, a mim, já tenha
escrito à mão, como um trabalho artesanal, como algo especial. E é bom tocar a
letra de alguém, com a ponta dos dedos e sentir as ondas no papel feitas pela
força da mão formando letras.
Minha letra não é bonita, mas gosto de
fazê-la com caneta azul, gosto de apontar o lápis e escrever... Minha letra não
é bonita...
Mesmo tendo feito muita caligrafia, minha
letra não é bonita, nem conhecida. Ninguém mais conhece a letra de ninguém...
Talvez um dia escreverei um livro chamado A letra... Sobre tanta letra
desconhecida, sobre tantos traços que guardo, sobre tantas ondas feitas em
papel dobrado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário