terça-feira, 9 de outubro de 2012

A cópia falha...




Se já escolhemos a trilha sonora, desligamos a TV e fechamos o livro, abrimos a garrafa de vinho e temos nas mãos o par de taças, acho que já podemos começar mais uma divagação. Sim, pois andei pensando, nesses dias em que finalizo as obrigações e lá fora o tempo fecha, como se pronto para entregar-se aos meus infinitos pensamentos, como se juntos pudéssemos nos entregar a todas as nossas duvidas e dívidas... Quantas divindades, juntos, nós não enganamos, quando voos não esperamos, quanta chuva e quanto sol não proclamamos...
Quanto não enganamos, sabe porquê? Porque como o tempo eu coordeno meus sonhos e nos momentos que creio, alço meu voo sem esperar pelas falas vagas e as moralidades falsas daqueles que só esperam a próxima oportunidade para lançar o veneno, mediocridade barata...
Sabe o que acontece, eu não espero saber o que foi lido, eu vasculho os esquecidos e escolho entre os escolhidos, eu não gosto de gostar do que o todo gosta. Eu não espero saber do filme nem suas opiniões, eu gosto mesmo é de viver assim, por mim, comigo, eu vivo sem fim. Eu não imito, nem mímico, eu não gosto de cópias, eu me invento e me transvisto, eu vivo ao meu estilo e no meu destino... Eu crio, me crio e no meu cenário sou eu quem pinta. E de discípulos eu não preciso.
Eu sou apenas a miragem daquilo que existe, pois de tanto escolher outros caminhos faço-me, agora, invisível, não existo para a civilização feita de copia e cola, a civilização feita de produção em escala... Quem sabe, eu seja a revolta, na verdade eu sou apenas uma cópia falha, deu errado e foi jogada fora...
Pode ser que eu seja o coringa do baralho, bobo da corte, que acaba por rir das palhaçadas da história.  E para quem reclama da falta de autenticidade eu só posso reclamar ao silêncio da falta de espelho, da falta do olho que olha para dentro...
E agora eu volto para Sartre ou Saramago (e a taça de vinho), eu vou pensar em nada e vou concluir que eu sou o próprio nada, que engana quem pensa que existo, sou apenas a cópia falha que não reclama autenticidade, pois sabe para onde está indo (ou não), que sem medo sabe inventar um lugar distinto e não depende daqueles que querem se fazer ditos, sabe que não engana e segue seu próprio e único caminho.
Pois, eu não quero ser o que eu não sou....

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