sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Vem que é pólvora...




Tenho medo,
As duas partes de enxofre
Pelas três partes de carvão
Cobertas pelo nitrato de potássio sujo
Definidos por suas ideias,
Apontados pelas suas mãos,
Queimados pelos seus olhos,
Temidos pelo meu coração...

Descreve a composição da pólvora
E eu vou na contramão
Da química exata,
Faces da inexatidão...
Tenha cuidado com as queimaduras,
Explosão da pólvora em meio à multidão...
Temores multiplicados
É que destroem o coração...

Enquanto traço padrões
Seus traços se arrastam pelas multidões,
Seu coração é do mundo...
Sobram as reações,
Que passam rápidas pelos meus olhos fundos...
Conheço o mundo por suas moléculas
E você conhece dos habitantes, mesmo distante de tudo...

Fecha os olhos e esqueça tudo,
As moléculas e os (des)mundos...
De padrões, multidões, traços e corrimões,
Abre a janela, pula e vem junto...
Espera no frio ali de fora,
Eu abro a porta e trago a pólvora...

Vamos queimar o mundo,
Assistir de perto o fim da velha cor,
Que decreta o fim de toda dor...
Seria isso o que os poetas chamavam de amor?
Ou talvez, toda química que me corrói
Não nos permita fugir do frio...

Seria isso...
Ou qualquer coisa disso...
Já disse...
Sei o que nos permite...
E o amor, quando pode, que nos habite...
Suspende agora o frio lá de fora...
Pois eu tenho pólvora
E você tem a fórmula na memória.

Autoria: Daísa Rizzotto Rossetto e Matheus Barbosa.

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