Alô? Mãe? Sou eu...
Mãe, eu andei pensando e entendi que não estou preparada para
crescer... É eu vou voltar, voltar para casa, voltar para o meu mundo e para os
meus amigos imaginários, tire do armário os brinquedos e livros de desenho, eu
vou voltar...
Sim mãe, eu percebi que não combino com essa vida de adulto,
essas preocupações que só os adultos podem ter, essa falta de sonhos e de sono.
É mãe, eu não nasci para ser adulta e não ter alguém que vai me acordar
ligando, só para perguntar se está almoçando, se tomou café, se já esta em
casa, se foi bem na prova e se lembrei de fazer o que tinha para fazer...
Não, mãe, eu não estou pronta para viver essa vida, trabalhar
para ganhar dinheiro, sem objetivo nenhum... Eu não estou pronta para viver num
planeta sem sonhos, para viver sem fazer mudanças, para desacreditar no impossível,
sim aquele que os desenhos animados sempre faziam crer que era possível...
Não mãe, eu não estou com alguém, não há ninguém... E
acredite, melhor é assim, assim deve ser.
Mãe, eu não combino
com essa vida de adulto, com esses prazos de adulto, com esse trabalho
desgostoso que só os adultos submetem-se, com a falta de paixão e com as fobias
constantes que só os adultos possuem.
Mãe, eu “to” voltando
pro colo, para aquela outra vida, eu vou ficar na Lua, lugar de onde nunca devo
fugir, eu to voltando para dormir no gramado e para ver as folhas, da árvore, cair,
to voltando para cuidar dos cachorros. E, na noite, escorar a cabeça na janela,
ouvir os miados e ficar ali, pensando de onde vem.
Eu “to” voltando para te pedir que durma comigo e assim eu não
chore. E ao amanhecer você me acorde chamando para ver o beija-flor, para ver
um bando de caturritas que cantam na árvore.
Mãe, eu estou deixando para trás esse mundo de adultos... Eu
estou voltando para o meu mundo.
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