sábado, 15 de setembro de 2012

Alô? Mãe?


Alô? Mãe? Sou eu...

Mãe, eu andei pensando e entendi que não estou preparada para crescer... É eu vou voltar, voltar para casa, voltar para o meu mundo e para os meus amigos imaginários, tire do armário os brinquedos e livros de desenho, eu vou voltar...

Sim mãe, eu percebi que não combino com essa vida de adulto, essas preocupações que só os adultos podem ter, essa falta de sonhos e de sono. É mãe, eu não nasci para ser adulta e não ter alguém que vai me acordar ligando, só para perguntar se está almoçando, se tomou café, se já esta em casa, se foi bem na prova e se lembrei de fazer o que tinha para fazer...

Não, mãe, eu não estou pronta para viver essa vida, trabalhar para ganhar dinheiro, sem objetivo nenhum... Eu não estou pronta para viver num planeta sem sonhos, para viver sem fazer mudanças, para desacreditar no impossível, sim aquele que os desenhos animados sempre faziam crer que era possível...

Não mãe, eu não estou com alguém, não há ninguém... E acredite, melhor é assim, assim deve ser.

Mãe, eu não combino com essa vida de adulto, com esses prazos de adulto, com esse trabalho desgostoso que só os adultos submetem-se, com a falta de paixão e com as fobias constantes que só os adultos possuem.

Mãe, eu “to” voltando pro colo, para aquela outra vida, eu vou ficar na Lua, lugar de onde nunca devo fugir, eu to voltando para dormir no gramado e para ver as folhas, da árvore, cair, to voltando para cuidar dos cachorros. E, na noite, escorar a cabeça na janela, ouvir os miados e ficar ali, pensando de onde vem.

Eu “to” voltando para te pedir que durma comigo e assim eu não chore. E ao amanhecer você me acorde chamando para ver o beija-flor, para ver um bando de caturritas que cantam na árvore.

Mãe, eu estou deixando para trás esse mundo de adultos... Eu estou voltando para o meu mundo.


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