Em noites mal dormidas você escrever teorias e, eu me debruço
diante do nascimento de uma possível poesia, coloquialismo do dia... Quando
pego o sono no ar, crio uma nova crítica sobre um ser e o nada... (Ah o nada...)
O nada que se torna o não despertar, o não passar para o papel o fruto do lapso
da genialidade... O nada que me deixa no esquecimento, na falha da memória, na
insônia não compartilhada.
Assim, sobra uma ideia esquecida no pensamento vago, na noite
não desperta...
E nessas tardes, em que me divido entre a modernidade
(reflexiva que nada reflete) e a pós, eu mesma crio o nada... O que nada se estabelece,
o que nada se cria, o que nada se vive nem vivencia, o nada da essência... E a
essência de nadar, sozinha, na piscina de palavras ou na piscina de bolinhas...
Nadar na vida vazia, ficar no palco à interpretar para a platéia que se cria no
invisível, na crueldade da pura fantasia...
E agora nadar no nada? Ou nada para nadar?
Deixa a chuva molhar, deita no sofá desconfortável, olha pro
teto, abre o livro e a água está pronta para o chá...
Abre a janela do quarto, mira no céu às estrelas que brilham,
não o fazem para o nosso olhar... Olha
aqui, o mapa mundo da minha parede, olha, pára, é apenas olhar...
E o nada, o tudo, preto e branco, eu penso em cinza escuro. Na
cabeceira fica o porta retrato que não brilha no escuro.
Do filme, desconfortavelmente visto, em que, no fundo,
ninguém na sala entende o que se deseja entender, o que é dito. Eu penso no que
nunca foi dito? Diga-me se o nada é mesmo tudo... O que você vê no escuro?
Com ou sem memória, o fim do dia chega, a divagação tarde,
também chega e a insônia chegará...
E amanhã, outra manhã será...
Sempre vem o que virá...
Se perder... se divaga sem esperar por conclusões que não
podem se afirmar... Pelo nada que fica ou falha... Pelo nada e nada.
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