quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Wislawa Szymborska

Olá leitores, depois de alguns dias sem postar eu estou de volta...
E hoje meu posto é dedicado à Prêmio Nobel  de Literatura de 1996... Ela veio a falecer ontem, dia 01/02/2012...
Confesso que até então seu nome me era desconhecido, mas depois da notícia fui pesquisar e encontrei alguns poemas seus (e agora já está na lista para ser adquirido)
Então aqui vai um poema e a nossa homenagem...


Repenso o mundo

Repenso o mundo, segunda edição,
segunda edição corrigida,
aos idiotas o riso,
aos tristes o pranto,
aos carecas o pente,
aos cães botas.
Eis um capítulo:
A Fala dos Bichos e das Plantas,
com um glossário próprio
para cada espécie.
Mesmo um simples bom-dia
trocado com um peixe,
a ti, ao peixe, a todos
na vida fortalece.
Essa há muito pressentida,
de súbito revelada,
improvisação da mata.
Essa épica das corujas!
Esses aforismos do ouriço
compostos quando imaginamos
que, ora, está só adormecido!

O tempo (capítulo dois)
tem direito de se meter
em tudo, coisa boa ou má.
Porém — ele que pulveriza montanhas
remove oceanos e está
presente na órbita das estrelas,
não terá o menor poder
sobre os amantes, tão nus
tão abraçados, com o coração alvoroçado
como um pardal na mão pousado.
A velhice é uma moral
só na vida de um marginal.
Ah, então todos são jovens!
O sofrimento (capítulo três)
não insulta o corpo.
A morte
chega com o sono.
E vais sonhar
que nem é preciso respirar,
que o silêncio sem ar
não é uma música má,
pequeno como uma fagulha,
a um toque te apagarás.
Morrer, só assim. Dor mais dolorosa
tiveste segurando nas mãos uma rosa
e terror maior sentiste ao som
de uma pétala caindo no chão.

O mundo, só assim. Só assim
viver. E morrer só esse tanto.
E todo o resto — é como Bach
tocado por um instante
num serrote.

Um comentário:

  1. Realmente epico! Voce deve ter muita coragem para escrever sobre como refazer o mundo, e ainda melhoralo assim como fez... rsrsrs

    Mas o que aconteceria num mundo onde a morte nao doa? Vivimos mais intesamente quando somos concientes que a nossa existencia vai acabar, mas e se essa tansição nao produz sofrimento?

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