sábado, 24 de setembro de 2011

Contramão...



As ruas têm-se feito palcos do teatro dramático, sou figurante nessas histórias, caminho de um lado ao outro, a dúvida deixa de lado...
Estas ruas cheiram a tristeza, escolhas que fiz e que agora não da para esquecer, não dá para fechar os olhos e simplesmente adormecer.
Meus passeios por esses palcos são silenciosos, vagos, sem música nos ouvidos, ouço os ruídos e latidos dos pequenos presos entre grades, esperando que alguém pague e leve-os para casa e eu engulo lágrimas e tento passar minha mão pelas grades cor de laranja, repugnantes...
Eu ali fico vendo-os abanar o rabo, eu penso que quando tirar minha mão dali, o choro o latido pedindo socorro chegará...
Eu saio o mais rápido possível e sigo pela rua dos homens de gravata e mulheres de salto 15, eu sigo por onde há os que pedem por comida e pedem cocaína... Eu sigo, como uma sombra que espera voltar ao seu lugar, que sabe que aqui não há lugar.
Escondida, sou a traça dos livros, o rato de biblioteca, o gato na caixa de correio, o cão... Sou o que ainda não descobrir ser... Mas afinal só desejo ser aquilo que sou, desejo ser Eu...  Estar em cima da torre, passeando na ponte, na roda-gigante...  Desejo ser eu, perdida nos livros, na garrafa de vinho, de cachaça, desejo (não) descobrir aquilo que desacredito desejo seu olhar e suas mãos, desejo salvar o mundo e continuar na contramão.

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