domingo, 29 de maio de 2011

sábado, 28 de maio de 2011

Sexta-feira



     Veio-me uma súbita vontade de escrever, vontade repentina. De repente percebi que estava com uma xícara de café na minha mão, estava lendo algo sobre cultura, e nisso tudo misturei um pouco de Janis Joplin...
     É sexta feira, eu tive um dia gostoso e solitário, depois de me perder entre livros até dormir, caída entre páginas rabiscadas de conteúdos vagos e poemas de momentos divagados.
Eu encontrava-me num antro onde vi pessoas andando sem parar, para cá e para lá, eu andei entre beldades. Eu andei de chinelos sujos, como uma perdida, meio hippie, meio demente...
     Dessa mesma forma entrei no cinema (achei que poderiam me banir, mas não, nada falaram). Entrei, e as propagandas já haviam começado. Eu sentei na poltrona, deixei os livros de lado, junto com a bolsa e celular, acomodei-me, limpei a lente dos meus óculos e o filme começou... E eu quase chorei. Estranho é entender... Eu quase chorei... Momento raro no dia de hoje.
     E entre uma cena e outra eu percebia que naquela sessão havia ao meu redor pessoas um tanto mais velhas, beirando seus sessenta, setenta anos (um casal preferiu abandonar o filme e eles desceram calmamente as escadas, tomando cuidado para não cair). E eu me perguntei por quê? Sim, por que eu havia escolhido aquele filme, aquela sessão?... Mas isso realmente importa? Afinal, ao buscar o diferente, eu deparo-me com situações diferentes, e são estes detalhes que intrigam, instigam... E eu gosto... Eu posso pensar e deixar o mundo girar, eu paro e deixo tudo girar... E eu gosto...
      E a noite eu acabo percebendo que às vezes o que lhe soa diferente é apenas uma casquinha, uma pelezinha fina e sensível que se desmancha depois de alguns goles, e mostra-se comum como qualquer outro. E palavras são palavras, e autodenominação não representa nada diante dos atos exercidos. É banal, clichê, mas é a verdade.
      Não há nada a que se esperar, não espere nada... Confiar em si mesmo e nos próprios ideais e princípios é o melhor que se tem a fazer...
      Por hora, continuo na companhia do café (já deve estar frio), livros e mais alguma divagação de extraterrestre, eu não passo disso, um ser extraterrestre, buscando a diferença.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Chegada...




Tenho a impressão de que
Quanto mais devagar ando,
Mais rápido chego...
Vou olhando meus pés
Naquele velho tênis sujo
De pó, poeira,
Terra seca...
Eu vou pensando
No lobo e no homem bom,
E eu vou pensando na noite passada,
E na bebedeira, na angustia,
Na música alta...
E eu pensei em deixar a razão de lado
E adormecer nas escadas molhadas,
E pensei em rir,
Rir até ficar sem ar e ir...
Ir, pro quarto, pras ruas úmidas,
Eu fui olhando o orvalho e aquela noite...
Eu desejei escrever pela calçada ou pela parede.
Eu desejei escrever no teu corpo
Que o amor não existe...
... nós existimos...
E sem motivo algum,
Eu digo adeus,
Fecho a porta,
Abro outra,
E adormeço...

domingo, 22 de maio de 2011

Confissão


CONFISSÃO


esperando pela morte

como um gato

que vai pular

na cama

sinto muita pena de

minha mulher

ela vai ver este

corpo

rijo e

branco

vai sacudi-lo talvez

sacudi-lo de novo:

"Hank!"

e Hank não vai responder

não é minha morte que me

preocupa, é minha mulher

deixada sozinha com este monte

de coisa

nenhuma.

no entanto

eu quero que ela

saiba

que dormir todas as noites

a seu lado

e mesmo as

discussões mais banais

eram coisas

realmente esplêndidas

e as palavras

difíceis

que sempre tive medo de

dizer

podem agora ser ditas:

eu te

amo.

Charles Bukowski


Tradução: Jorge Wanderley


Post dedicado aos meus amigos Volmir, por apresentar-me Bukowski pela primeira vez, e ao Rafa, por ter recitado o poema acima com grande inspiração. Obrigada!





quarta-feira, 18 de maio de 2011

Feira do Livro em Coimbra (primeiro post)



Queridos Leitores, no dia 13 de Maio (última sexta-feira) começou a Feira do Livro de Coimbra. Eu estive lá, hoje, pela segunda vez. O local onde ela está acontecendo é perfeito, a beira do Rio Mondego.


O problema é que ela vai me levar à falência, em dois dias em que lá estive, já foram quatro livros comprados: A Insustentável leveza do Ser (Milan Kundera), Manual de Pintura e Caligrafia (José Saramago), Hiroshima Meu Amor (Marguerite Duras) e Nas tuas mãos (Inês Pedrosa).


Embora minha ideia fosse dar prioridade aos escritores portugueses, eu não resisti e acabei comprando outras obras, mas acredito que todas valerão a pena...







Não posso aqui, deixar de lembra dos meus queridos amigos que estiveram na Feira comigo, no dia Treze: Thomas, Fernando e Rafael.















E hoje, Mauro e Daniel, quando fechamos nosso passeio (e compras) pela Feira com um excelente chocolate quente e pôr-do-sol à beira do Rio Mondego.



A Feira vai até domingo, e é obvio que lá estarei de novo e que, em breve contarei outras novidades sobre a.



Abraço especial aos guris.



Até a próxima...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Naquela semana....




Na TV passa a mesma comédia medíocre de sempre.


O sol começou a baixar diante das nuvens de um dia misto:


Hora sol, hora nuvens escuras, hora pingos leves...


Aos meus ouvidos tenho um rock desconhecido,


Daqueles alternativos...


Aquela semana ficou na memória,


Marca da minha loucura divina,


Inconsciente desespero que levou meu corpo enquanto caia...


Naquela semana fiz, todos os dias,


O mesmo caminho


E, sempre, na mesma hora,


Eu desviava o olhar na mesma direção,


E a via brilhar cada dia mais...


Eu a via transformar-se diante de mim...


Sim, sempre mais radiante, crescendo, crescendo...


E conforme os dias se iam, ela ficava.


Cada vez maior.


Cada vez mais certa de sua singularidade,


Certa de ter sua poesia garantida na mente dos boêmios...


Ela estava garantida na minha confusão


Diante dos amores


Que não me fizeram queimar,


Que não me fizeram voar


Entre a bebedeira e as gargalhadas...


Estive, então, só,


A observa-la na escuridão,


Estava lá, também ela, só...


segunda-feira, 16 de maio de 2011

El Cartero de Pablo Neruda




- Porque os nomes não têm nada que ver com a simplicidade ou complicação das coisas. Segunda a tua teoria, uma coisa pequena que voa não deveria ter um nome tão comprido como mariposa. (p. 23)


- E para pensar ficas sentado? Se queres ser poeta, começa por pensar caminhando. (p.24)


Chegando quentinho mais um post sobre Livro: O CARTEIRO DE PABLO NERUDA (El Cartero de Pablo Neruda – Ardiente paciência). Escrito por Antonio Skármeta. A Obra retrata a vida de um jovem que larga seu ofício e torna-se carteiro com o objetivo único de “observar” o Poeta Pablo Neruda. Assim sendo o único que recebe e envia correspondências ao Poeta.


Neste contexto inicia-se uma relação quase que de intimidade entre os dois e entre os acontecimentos que se seguem em suas vidas: ideais, política, sonhos, paixões e, claro, poesia...


(...) Tudo que no mar era eloquência, nele foi mudez. (p.29)


O livro, e não poderia ser diferente, é marcado pela riqueza poética, que está presente em casa frase, em casa parágrafo.


(...) O Seu rosto engalanou-se com essa fresca alegria, e o esquivo sorriso reapareceu com a simplicidade de um pão sobre a mesa quotidiana. “Se um dia morrer”, disse para consigo, “quero que o céu seja como este instante.” (p.66).


Em Portugal “O Carteiro de Pablo Neruda” foi considerado pelo “Diário de Notícias” como o melhor livro de autor estrangeiro de 1996, pelo que a Editorial Teorema recebeu o premio Livro de Ouro. (informação constante no livro)


- A poesia não é de quem escreve, mas sim de quem a usa!


- Alegra-me muito essa frase tão democrática, mas não levemos a democracia ao extremo de submeter a votação dentro da família quem é o pai. (p. 71)


A verdade é que para aqueles que conhecem a poesia de Neruda, que a apreciam, o livro torna-se magnífico. Simples, mas incrivelmente belo.


“Eu acredito nessa profecia de Rimbaud, o vidente. Eu sou de uma obscura província, de um país separado dos outros pela cortante geografia. Fui o mais abandonado dos poetas e a minha poesia foi regional, dolorosa e chuvosa. Mas tive sempre confiança no homem. Nunca perdi a esperança. Por isso, cheguei até aqui com a minha poesia e a minha bandeira.”(p.110)


É difícil não o achar inspirador...


-Já que estamos em Shakespeare, respondo-te como Mercúcio quando o trespassa a espada de Tebaldo. “ A ferida não é tão funda como um poço, nem tão larga como a porta de uma igreja, mas chega. Pergunta por mim amanhã e verás como estarei esticado.” (p.126)


E para os apreciadores da sétima arte fica como sugestão o filme O Carteiro e o Poeta, que foi inspirado na obra escrita de Antonio Skármeta.


Finalizando o post de hoje (longo por sinal), fica um dos poemas de Neruda, contido no livro.


“Eu volto ao mar envolto pelo céu,


O silêncio entre uma e outra onda


Estabelece um suspense perigoso:


Morre a vida, inquieta-se o sangue


Até que rompe o novo movimento


E ressoa a voz do infinito.” (p.130)



Espero que tenham gostado...


Um abraço literário a todos...

sábado, 14 de maio de 2011

Wuthering Heights

Minha edição é essa.





Depois de algum tempo sem alguma sugestão de livro retomo ao blog com a dica do último livro que li, que por sinal gostei muito. O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (ou O Monte dos Vendavais no português de Portugal). Está é a única obra escrita por Emily Brontë e é realmente um romance único do período clássico inglês.


Trata-se de um amor iniciado na infância, quando o patriarca trás a sua casa uma criança “cigana”. Assim passando a conviver com seus dois filhos, sendo odiado pelo irmão mais velho, que não o aceita como novo integrante da família, e amado pela pequena Catherine que, partilhando de uma mesma vida, crescem juntos.



Todavia no desenrolar da história, Emily Brontë marcará sua obra pelo amor intenso e pela violação desse mesmo amor. Sendo o final um tanto previsível, ou não...



"Demorei à volta delas, sob o céu aprazível; observei as maripozas que esvoaçavam entre a urze e as campainhas azuis; escutei o vento brando que sussurava pelo meio da erva, e admirei-me que alguém pudesse imaginar um sono agitado para os que dormiam naquela terra sossegada."



O livro já recebeu algumas adaptações para o cinema. Eu assisti a de 2009, última que saiu, gostei muito também... Fica a dica para aqueles que gostam de um romance um pouco mais denso (e tenso). O MORRO DOS VENTOS UIVANTES.



Até breve companheiros...





terça-feira, 10 de maio de 2011

Sem título...




Vou ao mercado de pijama

Depois de morrer no sofá,

Eu ressuscito e vivo a noite,

Eu queimo meu corpo

Para viver só...

Eu quero estar só...

Dançar na lua com todos

E depois voltar a ser só...

Eu beberei essa noite da energia

Que consome meu coração

E esquece minhas pernas aos vãos,

Até me deixar no chão,

Sem razão,

Nem amor ou paixão...

Eu leio palavras soltas dos meus livros,

Eu devoro a melancolia,

Eu degusto o sangue amargo do mundo,

Eu fumo a dor dos pequenos,

Alimento meus sonhos terrenos.

Volto a beber,

Acabo de morrer no sofá

Sem choro, alma ou alegria...

Eu quero estar só,

Dançar a dança do mundo,

Escrever minha tortura,

Esquecer que não sou o que sou...

Eu só sou...

Solidão...

sábado, 7 de maio de 2011

Balões...




Os balões subiram aos céus

Até encontrar as nuvens que tapavam as estrelas...

Acho que eram balões brancos, mas eu não sei,

Vi os voar sem regressar...

Num gole violento que tomei,

Eu os perdi...

Balões brancos em noite nublada...

Eu começo a dançar,

Em não paro de criar,

Eu não paro, nada para.

A roda gira, a bebida acaba,

A música para,

Eu continuo a andar...

Sem parar, sem olhar...

Eu continuo minha viagem estelar...

domingo, 1 de maio de 2011

Noite de Domingo...



Madruga serena

Ouço o barulho da noite

No silencio adormecido dos mortais...

Vi uma leve neblina

Enquanto andava pela praça molhada,

A praça sem casais...

Eu lembrei dos casais...

Daqueles que riram e choram

E que agora não se encontram mais...

Vou voltar à rua e andar de balanço

Onde voarei até chegar ao céu

Para viajar, voar, viajar...

Estarei sempre a viajar pelos bosques da imaginação,

Por praias desertas da solidão,

Pelos campos, entre as árvores,

Pela minha paixão.