Lá for a chuva cai, aqui dentro eu estou doente...
Conforme o tempo passa fico mais e mais doente.
Minhas mãos começam a atrofiar por não tê-las usado para contar tantas história
que gostaria de ter contado... Começo a limitar os passos que dou...
Estou mais fraca, olhando pela janela, vendo a chuva
cair, vendo a vida passar.
Estou vendo as lombas dos livros no canto da mesa, eu
perdi completamente a ânsia em lê-los... Na boca, perdi o gosto de tudo... E as
lágrimas eu as seco antes que cheguem ao canto da boca...
Olho ao redor tentando buscar explicações, um mísero
sentido para algo que me rodeia...
Doente, estou cada dia mais cinza... E minha fraqueza
me mantém imóvel, numa vida que acontece entre quatro paredes...
Estou cinza, olhando para as paredes brancas imaginando-as
coloridas...Se houvesse uma parede falsa e eu pudesse fugir para longe, para o
outro lado, onde neva, onde as cerejeiras florescem...
Estou fraca, doente e beirando a demência, trancada longe
dos objetos cortantes. O tempo está passando e é cada vez mais pesado
respirar...
Estou longe de todo risco, da possibilidade da
dúvida, da tentativa e do recomeço... Estou cada vez mais doente e insana...