Está tocando canções francesas aqui...
Incapaz de escrever um única frase pro
artigo em que tento entender, melhor, Marx. Estou paralisada, alienada, como um
trabalhador que desconhece o que produz...
Me rendi a tantos conceitos, fui ler
qualquer coisa, fui buscar literatura, algum conto, algum texto.
Lembrei-me de
blogs que costuma ler, espaços virtuais que foram abandonados. Releio os textos
antigos.
Busco as músicas que costumava escutar,
que arriscava cantar em voz alta.
Inquieta. Na minha mesa não vejo a minha
carteira nem o baralho. Na minha carteira não tem fotos, nem fios de cabelo.
Perdi as fotos tiradas na cabine. Perdi a coragem que tinha em mim.
Tomo chá contando os goles...
O mundo acontece lá fora, eu continuo
aqui, tentando desenhar um mundo que possa ser vivido daqui, que seja parecido
com algo que poderia se fazer antes, com poucas retas, em pequenos trajetos...
Quando eu sufocava de emoção, quando
esperava na escada, quando olhava pela janela e imaginava o mundo acontecendo.
Eu estaria no mundo...
Em algum lugar por aí, alguém já me
esqueceu. Mas enquanto escrevo coisas sem sentido, eu lembro de conversas em
bar, de andar pelas ruas silenciosas, com árvores na calçada. Foi bom sentar nas
docas e olha o rio dançar com o vento.
Vou reler os velhos textos escritos por um
desconhecido, vou buscar um pouco de mim, do que um dia eu fui. E vou buscar em
mim, aqueles lugares em que acreditei que seria feliz. Mas o tempo corre como a
luz e passa. E o mundo se recria.
Um dia, talvez eu possa ver o mundo de
outro ângulo. Quero voltar para o outro lado e acreditar, uma segundo vez, que
tudo será possível. Que chegarei onde imagino, dia após dia, ser o meu lugar no
mundo.
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