Por um lapso,
hoje resolvi olhar fotos antigas.
Que nostalgia!
Abri diversas
pastas. Lembrei em cada foto, o momento exato em que foram tiradas... Momentos
tão diferentes do que vivo hoje... Mas nada a lamentar...
Lembrei da primeira
bebedeira, das frases de fala soltas, sem receio de parecer ridícula...
Lembrei de quantas
vezes fiz pedidos de casamento.
Lembrei de aulas
de filosofia, em que ficava vagando entre o sonho de escrever, de estudar
literatura... De jogar tudo pro alto...
Lembrei de
alegações de professores. De que, possivelmente, eu estivesse no caminho
errado...
E lembrei de
fragmentos dessa fração dos dias que vivi e que vão me fazer chorar pro resto
da vida...
Lembrei de algo e
esqueci...
Recordei um outro
país, um outro sotaque... Coloquei para tocar todas as canções que ouvia lá...
Senti algo no peito, uma sensação estranha! Um aperto, uma saudade, um soluço
de choro que não saiu... Aumentei o volume...
Lembrei de quando
cantávamos na rua, de noite, em voz alta e olhando nos olhos...
Lembrei de tantas
vidas que já vivi e que, talvez, tenham durado muito pouco...
Lembrei de quando
me apaixonei no meio da rua e um ano depois, tudo já estava diferente... As
estações já haviam mudado e meu rosto já havia ficado frio e sem expressão...
Lembrei de
visitas infinitas e sem motivos à biblioteca, só pela busca de alguma forma de
conforto...
Lembrei de quando
comprava livros e DVDs sem fazer contas...
Lembrei de quantas
vezes eu mudei de ideia...
Tentei lembrar
quando havia sido a última vez que tive ânsia de escrever e, por fim, lembrei
que na tarde passada, havia prometido tentar escrever mais... Pelo bem da minha
saúde emocional... Pelo possibilidade de existir, em mim, alguma esperança de
viver com dignidade...
E vendo as fotos
e ouvindo velhas canções e puxando na memória tantos dias que se foram, - em
que escrevia trecho de músicas nos braços, em que saia de madrugada, em que filosofava
sobre a vida entre uma bebida e outro, em que conversava com alguém enquanto
voltava para casa, caminhando pela rua vazia, em que olhava fundo e ria, em que
bebia sem medo de morrer, em que sonhava com vontade, em que não me preocupava
com o agora - e senti uma repentina vontade de viver, viver de forma diferente,
de rir alto, dançar na rua, vontade de falar com quem já não vejo há tempo...
E, assim, voltei
a escrever...
E escrevendo novamente, senti alguma vontade
de viver tudo o que é proibido... Abandonando qualquer formalidade exigida pelo
destino...
Escrevi e voltei a normalidade...
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