segunda-feira, 19 de maio de 2014

Vou voltar de submarino...


Cada dia é um dia de sobrevivência, não a sobrevivência da necessidade, dos grãos de feijão contados, do arroz, do sal que acabou... É a sobrevivência do drama que nasce em mim todos os dias, é a sobrevivência desse drama que me desfaz e eu tenho que derrotá-lo de novo e de novo...

Tenho que sobreviver a esses dias de sol...

Porque enquanto ando na rua, todos me olham estranho, passam seus olhos como detectores de metal e eu sou quase uma terrorista. Eles notam qualquer característica suspeita. Nas sacolas levo apenas comida para a semana...

A bibliotecária me espanta, não ouso mais direcionar minha fala, esqueço-me dos livros. Ela também quer saber o que eu carrego...

Talvez eu devesse voltar para o fim do mundo, onde todos me conhecem e ainda me destinam o olhar de pena. Eles devem se perguntar como eu estou, se o choro já cessou... E eu poderia até voltar como terrorista derrotada...

De repente eu deva voltar... Estudar os índios, mudar os planos, voltar a dançar, a escrever poesia... De repente eu deva deixar de lado as velhas ambições...


Talvez eu abra uma loja mágica, onde eu possa viajar silenciosamente. E eu não teria que me importaria com esses olhos frios que gravam cada pedaço de mim...

Pode ser que eu fuja de submarino, eu não sei onde vou parar... O caminho é longo, a subida é íngreme, eu persisto com o tênis sem palmilha... 

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