Ei Amelie, ajude-me a atravessar à
rua, me observe pela janela, pelo buraco da fechadura!... Eu também ando sozinha
e aqui não há cabines de fotografias que me despertem para longe do mundo, onde
eu possa esquecer que dia foi ontem, que dia foi sábado, que dia foi aquele em
que meu coração correu dentro de mim...
Ah Amelie, por aqui desconheço as
represas e as pedras chatas, não sei fazê-las pular, aqui não escorrego minha
mão nos sacos de ervilha ou de feijão... Não tenho franja curta nem roupa colorida...
O cenário da minha vida não é como o vermelho que vibra, nem como o verde que
agita...
A trilha sonora nem sempre é
piano, mas às vezes alguém toca violino pela rua... Também guardo escondido
caixa de lembranças, também choro em frente à TV, diante das banalidades do
cotidiano...
Aqui também existem dias de muita
luz e tantos outros que não clareiam nenhum pouco...
São muitos os que são feitos de
vidro e muito mais são aqueles feitos de aço...
São muitos os que pintam e que
tentam captar a expressão dos olhos, às vezes fora de contexto, mas também são
muitos os que borram a tela...
Estamos todos do lado de fora da
rua! Estamos todos à venda!
E eu nunca andei de moto Amelie,
e há muito não escrevo cartas, nem modifico os finais, nem bebo licor no bar...
Às vezes acho fotos pela metade, histórias pela metade... Há tantos lugares que
ainda não pisei...
Eu fico aqui, sentada ouvindo
aquelas canções que me levam para outro lugar, que me devolvem, por segundos, sensações,
que me permite entender que existem sopros de vida, existe algo, sempre,
prestes a acontecer...
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