terça-feira, 27 de maio de 2014

Carta para Amelie


Ei Amelie, ajude-me a atravessar à rua, me observe pela janela, pelo buraco da fechadura!... Eu também ando sozinha e aqui não há cabines de fotografias que me despertem para longe do mundo, onde eu possa esquecer que dia foi ontem, que dia foi sábado, que dia foi aquele em que meu coração correu dentro de mim...

Ah Amelie, por aqui desconheço as represas e as pedras chatas, não sei fazê-las pular, aqui não escorrego minha mão nos sacos de ervilha ou de feijão... Não tenho franja curta nem roupa colorida... O cenário da minha vida não é como o vermelho que vibra, nem como o verde que agita...

A trilha sonora nem sempre é piano, mas às vezes alguém toca violino pela rua... Também guardo escondido caixa de lembranças, também choro em frente à TV, diante das banalidades do cotidiano...

Aqui também existem dias de muita luz e tantos outros que não clareiam nenhum pouco...

São muitos os que são feitos de vidro e muito mais são aqueles feitos de aço...

São muitos os que pintam e que tentam captar a expressão dos olhos, às vezes fora de contexto, mas também são muitos os que borram a tela...

Estamos todos do lado de fora da rua! Estamos todos à venda!

E eu nunca andei de moto Amelie, e há muito não escrevo cartas, nem modifico os finais, nem bebo licor no bar... Às vezes acho fotos pela metade, histórias pela metade... Há tantos lugares que ainda não pisei...


Eu fico aqui, sentada ouvindo aquelas canções que me levam para outro lugar, que me devolvem, por segundos, sensações, que me permite entender que existem sopros de vida, existe algo, sempre, prestes a acontecer...

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