Quando o fim do ano vai chegando, quando os
dias começam a ficar mais coloridos e longos com o horário de verão, quando
todos começam a sair e caminhar até mais tarde, quando há flores e calor é que
eu me sinto mais melancólica...
É que depois daquele fim de ano, todos os
seguintes mudaram e “fins do ano” trocaram de jeito... Agora são nostálgicos,
silenciosos, cheios de saudade, memória e sentimento...
E eu me sinto cada vez mais errada, sempre no
caminho errado...
E quando chego próximo ao dia em que repasso
o mesmo filme – o mesmo fim -, há alguns anos na minha memória eu procuro, sem
fim, por explicações, por um sinal, por um detalhe que, talvez, não tenha visto
antes, eu não encontro...
“temos nosso próprio tempo”... Um tempo de
dormir e acordar com tudo diferente...
Tenho o meu próprio tempo e migalhas de mim
mesma, tenho o medo que me impede de olhar o asfalto como um caminho inofensivo...
Tenho o tempo e a dúvida da compreensão...
Tenho o tempo e os olhos em mim daqueles que são incapazes de entender...
Que tempo que é esse que se desfaz num sopro
e nada mais?
Viver é um sopro, nada além de um sopro que
se desfaz numa fração de tempo e muda tudo de lugar, muda nosso semblante e
nossa história...
...Eu não espero mais com ânsia e planos pela aproximação de fins de ano... Eu tento lembrar-me de todos os tons da sua voz e de todas as suas falas... Eu quero lembrar...
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