Era início de semana. Entre zunidos e marteladas havia silêncio no
prédio... O dia nascia cinza, as árvores estavam úmidas e a neblina descia...
A semana começava, quando ela abriu a janela... Ela não sabe o por
quê...
Eu pensei que hoje conseguiria estudar, mas um vizinho bateu na
porta.
Havia alguém caído ali, diante dos olhos... E havia bombeiros que
arrebentaram o portão... E havia sirene de ambulância...
“Alguém se jogou pela janela!”, disparou e começou a chorar.
Caída na grama fofa, inconsciente no seu drama, ela se jogou... Se foi... Para o hospital com alguma coisa
quebrada...
Mas antes, escreveu para a filha. Disse adeus
e se jogou... Uma criança de cabelos escuros que chegou acompanhada... Chorou...
Era o início da semana, depois de uma noite
sem dormir, depois do choro desfeito noite adentro, depois da tristeza que se
achega sem pedir... Ela se jogou da janela, eu a vi estatelada no chão com os
pés sujos de terra... E vi uma criança que chorava por quem havia deixado à
janela escancarada...
Meu estômago embrulhou...
No prédio onde moro, hoje, alguém da janela,
se jogou...
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