terça-feira, 2 de setembro de 2014

Existe uma voz que grita em mim

Existe uma voz que grita em mim,
Uma voz tão forte que sufoca,
Rouba o ar
Depois de me tornar uma vertigem...
De me fazer mudar de lugar,
De procurar uma (outra) mesa vaga no restaurante...

Mas essa voz só irá se acalmar quando
Quando eu correr pela porta de vidro
E sentir o vento frio batendo em mim...

Existe uma voz que grita em mim,
Que não escolhe datas,
Nem dia nem hora,
Mas que prefere sábados tranquilos,
Aparentemente...

Essa voz
Que torna meu corpo
Um pedaço de pano incontrolável,
Tremulante como uma bandeira,
Que sente frio e calor ao mesmo tempo,
Que depois desaba em choro,
E esquece que existe sono...

Essa voz que grita em mim,
Dizem que tem nome,
Dizem que tem receita médica,
Diagnóstico assinado,
Tratamento...

Mas eu não quero...

Talvez eu queira escutar essa voz,
Talvez eu queira tocá-la e aclamá-la
Com as minhas mãos...

Talvez eu queira sentir meu corpo respirar
Enquanto tento domar uma fera
Que me faz doentia...
Essa fera que me segura,
Que me imobiliza enquanto tento andar,
Ir em frente,
Trocar o rumo...

Talvez essa voz fique sempre aqui
Dentro de mim,
E talvez, um dia,
Próximo ou distante,
Possamos conversar melhor...

Talvez um dia a calma não seja aparente,
 E eu poderei fazer malas novamente
E ir sem medo...
Talvez um dia essa voz gritante
Torne-se silêncio,
Ou, quem sabe, talvez,
Ela deixe de gritar tão alto, tão forte...


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