quarta-feira, 16 de julho de 2014

À terça...


Ali sentada,
Eu olhava através da janela,
E da janela eu via as árvores sem folhas,
E a luz dos faróis dos carros que iam e vinham.

E ali sentada
Eu ouvia o burburinho,
A conversa alta daqueles que brindavam ao amor
E tomavam aos goles,
Água, café e espumante,
E brindavam novamente o amor...

E ali, sentada,
Olhando para fora,
Os carros e as árvores,
E ouvindo as canções e a poesia
Que vinha de dentro
Eu lembrei-me da máquina, azul, de escrever.

E eu pensei, que sentada ali,
No barulho, na canção, na poesia,
No bater de taças,
Eu seria capaz de escrever tudo o que guardo em mim...

E ali sentada,
Eu fiz poesia...

Eu vi em molde real,
O círculo de leitura,
Nas imagens em que criava,
E que agora, eu via.

Não era a livraria dos boêmios
Escondia em Paris,
Mas era o refúgio
Para quem entrava trazendo versos
Que diriam tudo...

Eu estava sentada ali,
Enquanto pessoas chegavam
Abriam seus livros e liam,
E ouviam a canção,
E voltavam a abrir seus cadernos de recordações,
De capa dura verde escura.

Sentada ali,
Gravei aquele caderno verde,
De páginas amareladas
Em que ao abri-lo pulavam versos adolescentes,
Entre desenhos feitos a mão.

Sentada ali,
Eu tornei-me capaz de escrever todos os versos do mundo,
Eu sabia que estava ali...

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