sexta-feira, 4 de abril de 2014

Incapaz...


Incapaz de encarar os próprios monstros
Fui atrás dos monstros dos outros,
Escondi-me nas sombras,
Parei em ruas sem saídas,
Entendi que existem caminhos sem volta...

Incapaz de compreender todas as canções,
Percebi que existe mais razão na poesia.
Notei que é nas ruas que borbulham as paixões,
Que o grafite faz arte na avenida
E que o povo faz a arte da vida...

O povo inventa, grita
Morre de fome,
Se agita,
Suplica e grita de novo o grito surdo.
Não há volume na mídia...

Incapaz de compreender nitidamente
O que acontece nas ruas,
Atrás dos carros,
Nos bairros sem tetos
Escrevo poesia...

Incapaz de compreender o que significa dormir sob a luz das estrelas,
Incapaz de saber o que é comprar comida do lixão,
Incapaz de conhecer o nascimento no esgoto,
Incapaz de saber o que é morrer no banheiro,
Afogada em sangue...

Os livros não dão todas as respostas...
Os intelectuais escrevem isolados em suas amplas bibliotecas,
Sentados (confortavelmente) na poltrona de couro...
Eles não respondem minhas perguntas...

Incapaz de possuir respostas,
No fim da poesia descubro-me capaz
De uma única compreensão:
Esses monstros que estão aí,
Atormentando a consciência,

São também os meus monstros...

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