Para aqueles de alma inquieta, a arte pode
ser a droga mais eficaz quando cai direto na veia.
Escrever é o tratamento de choque que recorro a quando a angústia grita, quando as encruzilhadas da vida se aproximam.
Vasculhar lembranças, relembrar os momentos
que não perderam a tonalidade nas fotos, fazem parte do tratamento.
Depois, há de se perceber que o rumo mudou,
que mudaram as calçadas e os morros, houve momentos de silencio, em que fui
incapaz de debruçar-me sobre o papel, nem uma mísera frase tristonha foi capaz
de desfazer-se na folha empoeirada.
Houve novos tempos, novas mudanças, nova
mesa, outras janelas, outras calçadas a serem pisados, planos foram desfeitos e
refeitos.
Surgiram novas certezas, que juntas,
trouxeram mil incertezas, mil conceitos fora de conceito.
A
palavra refletida, antes de escrita volta a surgir, aos poucos, como forma de
consolo, como forma silenciosa de ajudar a encontrar a decisão certa para o
próximo passo, no próximo caminho do descaminho já descrito no destino.
Depois, a música repete-se mais um milhão de
vezes, o texto não é bom e o último parágrafo não o tornará melhor. Sem foco,
nem mesmo a escrita é capaz de me encontrar, eu vim divagar e vou. Morrer de
fome, talvez também... Sem certeza, na dúvida, no que fui ontem, no que sou
hoje e do que sobrou pro amanhã... Eu vou sem saber o que farei ou o que
serei, eu não sei.
Se houver compromisso, abra a agenda, deixa um
bilhete, lembre-se que eu vou. No momento decidi sentir, apenas sentir tudo
aquilo que minha alma pede como alimento, eu devo sentir.