“Minha filosofia pode ser resumida em duas frases latinas:
"Tempus Fugit": o tempo foge, passa, tudo é espuma... E "Carpe
Diem": colha cada dia como um fruto saboroso que cresce na parede do
abismo. Colha hoje porque amanhã estará podre.
Sonho em ter tempo para aprender a vagabundear.”
É mais um sábado qualquer, estou rondando na cozinha, quando, de
repente, a televisão consegue chamar minha atenção, na brincadeira da troca de
canais é meu pai quem faz o achado (e ele também acaba com a atenção
roubada)... O atrativo é Rubem Alves, na sua forma um tanto frágil, magra, mas
não menos visionária e sensível...
Eu, mesmo sabendo de sua existência até então não havia despertado
para as palavras tão cheias de sentido e sentimento, já que são isso que o
escritor deseja despertar em seus leitores, não formas racionais, mas que sua
escrita toque o coração humano...
Acabei sentando e vendo até o final daquela matéria incrível, de
um dos grandes escritores do Brasil, de uma obra literária. Ele tão cheio de
conhecimento, tão repleto da vontade de viver e com um toque de medo da
morte...
No fim, já curiosa para saber mais sobre Rubem Alves, debruço-me e
eis o que encontro:
“O que tenho sentido? Beleza. Nostalgia. Tristeza. Cansaço.
Urgência. A curteza do tempo. Esperança? Sonhei ser um pianista. Mas os deuses
tinham outros planos para mim. Gosto de brincar com palavras.
Por isso sou escritor. Escritores e poetas são meus companheiros.”
E eu que também tenho a constante companhia dos poetas e os
escritos, posso ir contente, pois o sábado terminou assim, tão válido, rico...
Deixou a vontade, a ânsia por novos livros que entrarão para a lista para serem
lidos...
Termino a noite assim, jogada no sofá, entre um poeta e um
filósofo na televisão, um “filosofo” sentado na cadeira próximo a mim, uma mãe
que dorme sentada, e que não deve estar sonhando, enquanto nós dois continuamos
divagando, questionando, conversando, simplesmente... Mas eu, eu sei que são
esses os momentos que nunca me abandonarão, que ficam tão gravados, marcados a
ferro nas boas memórias...
"Golpes duros na vida me fizeram descobrir a literatura e a
poesia. Ciência dá saberes à cabeça e poderes para o corpo. Literatura e poesia
dão pão para corpo e alegria para a alma. (...) Busco escrever simplesmente o
que me dá na cabeça e no coração, embora ainda me sinta amarrado por antigas
mortalhas acadêmicas.”
(Rubem Alves)