É
estranho, ou não, pensar como o coração pode se destruir aos poucos?
Pertencendo
ao passado não faço parte do presente, ao tempo de agora, ao hoje, ao minuto,
ao instante...
Distante
de tudo dei-se ao luxo do desapego, escolhi o caminho mais escuro, até fácil,
cômodo, mas nem por isso menos frio, sem aconchego, nem acolhimento...
Eu
sei quais são as dores, os lugares que doem e optar pelo silêncio nem sempre
significa a insignificância...
Ainda
sei das escolhas que faço e do rumo que tomo, dos braços que me desprendo, de
como viro as costas e das canções que ouço...
Conheço
todas as marcas que trago no corpo, registradas a ferro quente na alma... Eu
sei e só eu sei o que trago de dias que se foram pra nunca mais voltar e eu sei
o que é Amar, e ver o pedaço da sua alma ir e nunca mais voltar...
Se
eu peço desculpas ou se digo que não vai mais dar, eu sei...
Ninguém
há de lembrar, vou como sombra... E agora opto pelo café, sozinha no quarto que
já escurece, na janela ficaram os pingos da chuva já cessada, e na estante estão
os livros, o consolo, o reflexo da própria vida...
E eu não tenho mais o que dizer, nem mais o
que saber, nem mais o que sentir... Eu nunca parti, porque nunca estive aqui...
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