sábado, 16 de junho de 2012

Como uma resposta...


Eu não acredito,
Embora queira...
Eu quero e então se constrói o impossível...
Meu coração é o pão dos podres,
Migalhas...
Foi vítima da bomba de Hiroshima,
Estraçalhado...
É estilhaço como o vidro quebrado do carro...
Meu coração
São os restos do animal no abatedouro,
Já mal cheiroso,
Já morto...
Eu não creio, nem há esperança aqui.
Diante do abismo abandonei a fé,
Deixei na caixa do correi o melhor que pude ter,
Deixei nas paredes as cores que nunca pintei...
Nas conversas devolvi os amores platônicos,
Os amores que sonhei,
Os que eu confiei
Os que eu inventei
E pelos parágrafos de ilusões eu já rezei,
E por mãos no parque, sentada, eu esperei.
Os olhos cegam diante das dores do mundo,
E voltam para onde se cria paralelo, vida...
Para os sonhadores, os tempos são difíceis,
Para os poetas, não sei...
Nos livros enceno tudo que a realidade renega,
Faço vozes,
Entrego verdades,
Dispo e visto,
E não vivo...
Atuar é viver o outro,
O que é viver o que se é?
Não há o que falar nem desculpar,
O silêncio faz-se alto,
O sol faz-se calor,
Eu faço a poesia triste que ninguém espera decorar,
É a única que sou capaz de talhar...

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