“Se penetrássemos o
sentido da vida seríamos menos miseráveis.”
Florbela Espanca
Quanto custa a re-socialização de um preso? Quanto custa o
desenvolvimento sustentável? Quanto custa a reabilitação do drogado? Quanto irá
custar ensinar a criança? E alimentar o miserável? E a cuidar do doente? Quanto
custa proteger as florestas, os rios, os pássaros? Qual é o valor da vida?
Quando quer pela sua vida? Pela minha vida? Pela vida do teu
filho? Do teu pai?
Diante de tantas mudanças e novas reformulações, entre as
mais evidentes está às relações mercantis que se sobressaem sobre o que antes
eram relações humanas. Tudo passa a ser fracionado ao valor monetário, a notas
de papel com um número qualquer... É isso que nos tornamos: coisa? Meras coisas
a serem usufruídas por alguns, descartadas por outros. Agora, somos produtos
postos em prateleiras, analisados se está caro ou não?
E se questionares, novamente: Quanto custa? Eu respondo: Não
há valor, porque não tem valor. Afinal tem mesmo algum valor a tua vida? Têm
realmente valor as belezas naturais? Têm valor os animais? A proteção que
sempre lhe foi devida?
Já passou do tempo de pararmos de reproduzir o que a sociedade do capital nos
ensinou: valorar aquilo que pela essência jamais teve valor. Passou do tempo de
consideramos estimável tudo que sempre foi (e deverá ser sempre) inestimável. Já
venceu o prazo de estancarmos a miserabilidade dos nossos corações.
Já é chegado o tempo de nos tornarmos humanos, humanos pela
humanidade que nos falta.