Eu passo os olhos pelas letras do livro, vou enganando aqueles que creem na minha leitura. Engano-me, pois o assusto não cessa. Está em todos os lugares, toda hora, incomoda-me, corrói lenta e drasticamente...
Eu finjo desleixo, descaso... eu sigo na minha viagem poluída pelos “adeus”, pelos “até logo” que não sei se chegarão...
Sento na sala e aguardo até chamarem meu número, leio páginas a fio de um livro encantado, mas que diante desses dias quentes e de noites de despedidas eu desencanto, eu mancho todo seu encanto com os meus pensamentos que vagam... Daqui para outro país, para outro continente... Eu divago pelos rostos que ficam na minha memória, alguns beijos e aqueles olhos, apenas aquele...
Depois da chuva eu pintei como quis o meu cenário, mudei de figurino, fiz alterações no roteiro. Criei um novo destino... Agora arrumo a mala sem saber o porquê ou o que virá...
Estou mudando, tudo volta para as caixas novamente, eu volto para caixa, para o depósito, para o frio, o silencio e a solidão... Esperarei a próxima viagem...