Eu prometi que escreveria sobre
como tudo deu certo, como os erros foram acertados, como o tempo vem passando,
como tenho me reestruturado.
Eu me comprometi a um (re)olhar
sobre o mundo, a desconstruir e construir tudo de novo. A abrir um riso depois de
tanto choro contido.
Eu me comprometi a reescrever a
história, a refazer os passos, a mudar a trajetória.
Mas veja bem, eu não fiz nada
disso. Eu continuo sentada na cadeira baixa, numa sala de pouco sol, em que
deixando os papéis de lado eu escrevo esse relato enquanto escuto os
murmurinhos burocráticos.
Eu estou aqui com a mesma
dificuldade em respirar, com a atenção voltada para a altura da janela. Não se
preocupe, eu não vou me jogar...
Eu sigo em desespero, no quarto
fechado, indo em frente com os olhos vendados...
Mas eu sei o que prometi e eu
consigo ver que a vida é feita de erros e acertos. Eu anoto o valor dos erros,
eu os recalculo.
Eu me redefino nos erros que
cometi, eu começo a refazer o caminho sabendo que agora tomo a encruzilhada
certa levando junto o ganho que os erros me trouxeram...
Eu vou voar no tempo conquistando
as rosas depois das pedras. Eu vou levar apenas aquilo que sou eu. Todo o resto
ficará eu caixas e eu não vou me importar se estarão mofando ou se pegarão fogo...
Eu vou deixar tudo isso para
trás, os papéis, os textos conceituais, essa sala, os murmúrios da burocracia.
Em breve eu vou atravessar o
oceano, sentar em baixo da árvore e escrever sobre como é bom ver o céu dali...
Em breve, eu espero que o futuro se torne presente... Em breve, eu espero, que
o decorrer dos dias sejam vida, sejam vividos... Em breve, talvez e eu espero
eu estarei respirando sem fazer esforço, eu estarei escrevendo, eu estarei
vivendo o que eu sou.
Em breve, eu estarei rindo dos
erros, agradecendo por eles... Em breve, essa capa sobre mim, será deixada para
trás. Eu vou olhar para a altura da janela e voar, voar...
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