Algumas noites são de sonhos loucos, sono pouco...
Memórias de outros tempos, outros mundos.
Quando amanhece,
Procuro passos, vejo que nada mudou,
Ali atrás tudo ficou
intacto,
Não houve outras palavras, outro ato...
Nesse meio tempo desaprendi a poesia,
Limpei os livros na estante, mas não os abri,
Escondi-me na penumbra,
Fiquei mais torta...
Eu não sei mais escrever,
Eu não sei mais que segundos do tempo são esses que vem e
vão,
Não tenho nada escrito nas mãos,
Não tenho crença no meu ganha pão,
Eu não sei o que procuro
E não sei o que encontro em meio à multidão...
E num momento quase relapso,
Em milésimos de segundos, eu quero viver de novo,
Sentir a empolgação do mundo,
Acordar e estar no lugar mais claro.
Quero estar correndo por ladeiras,
Andar calmamente madrugada adentro,
Procurar livros nas estantes antigas,
Subir a longa escadaria rindo da vida...
Quero um dia,
Andar pelos mesmos lugares que os escritores da minha vida
andaram,
Quero fazer o meu próprio caminho, que eu não sei por onde é.
E nesse dia eu vou saber que a verdade é bem mais forte,
E que o tempo se conta pela intensidade.
Pode ser que a vida tenha mudado,
Que as estrelas tenham se (des)alinhado.
Eu não sei,
Mas acho que depois de colocar o ponto final nessa poesia pobre
Tudo estará em silêncio
E tudo estará no mesmo lugar,
Do mesmo jeito que estava antes de eu sonhar.
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