quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Melancolia...

Melancolia, de acordo com o Wikipédia, significa “estado psíquico de depressão com ou sem causa específica. Caracteriza-se pela falta de entusiasmo e predisposição para atividades em geral.”

Já escrevi, reescrevi e falei que não aprendi a escrever, que os traços da minha mão não passam de riscos indefinidos, frases pela metade. Mesmo assim continuo a fazer, só assim posso continuar, acordar. É escrever e poder viver.

Depois de tanto tempo sem encarar uma caneta barata e um pedaço de papel, volto aos riscos, subitamente. Eu me perco, não sei onde é o começo e qual é a palavra final.

Eu continuo, escrevo, porque só assim consigo me desvencilhar da completa melancolia, só assim consigo afastar, por algum tempo, esse parasita que me consome, que não permite que eu me levante cedo e que vá à luta pela vida, pelos sonhos, por tudo aquilo que acredito e que adormece.

Escrever limita minha dispersão do mundo, escrever é como ter alguém segurando meus pés enquanto tento fugir pra outra dimensão e nessa outra dimensão existe apenas a dúvida, a insegurança e a angústia se amplia.

No fundo, não passo de um ser estranho sensível a olho nu.

Ao mesmo tempo, sei que é essa melancolia que me vira do avesso e me expõe ao papel em cima da mesa.

Já estou um passo ao lado, curada por alguns instantes, talvez, agora, menos distante, sempre constante...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Talvez

A Terra parou,
O chão se partiu,
O estranho sorriu,
O tempo seguiu,
A poesia surgiu,
A poesia fugiu,
A rima mentiu
E ela acabou aqui...

A poesia alimenta os “talvez” que poderiam ter sido diferentes,
Alimenta-os e deixa-os fugir...
A poesia permanece, mas não fala...

A angústia avassala,
Prende o peito,
Agarra-se as amarras,
Esconde-se nas curvas das palavras
Retoca as cores do passado...

Já não sei do que do que sinto saudade,
Nem o que me comove...
Não sei se sou feita de risos ou de areia,
Palavras cruzadas ou histórias mal acabadas...

Não sei se é choro contido,
Grito abafado,
Carta do baralho amassada, rasgada, jogada fora...
Não sei se é o que digo
Ou se sei o que não digo,
Eu não finjo, desminto,
Acredito em mitos...

Vou fechar a porta,
Ouvir as canções de longe,
Vou maquiar o riso no rosto,
Vou refazer os passos,
Marchar com aquilo que nunca tive,
Razão,

Continuar com a poesia na mão...

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Em silêncio

Algumas noites são de sonhos loucos, sono pouco...
Memórias de outros tempos, outros mundos.
Quando amanhece,
Procuro passos, vejo que nada mudou,
Ali atrás tudo ficou intacto,
Não houve outras palavras, outro ato...

Nesse meio tempo desaprendi a poesia,
Limpei os livros na estante, mas não os abri,
Escondi-me na penumbra,
Fiquei mais torta...

Eu não sei mais escrever,
Eu não sei mais que segundos do tempo são esses que vem e vão,
Não tenho nada escrito nas mãos,
Não tenho crença no meu ganha pão,
Eu não sei o que procuro
E não sei o que encontro em meio à multidão...

E num momento quase relapso,
Em milésimos de segundos, eu quero viver de novo,
Sentir a empolgação do mundo,
Acordar e estar no lugar mais claro.
Quero estar correndo por ladeiras,
Andar calmamente madrugada adentro,
Procurar livros nas estantes antigas,
Subir a longa escadaria rindo da vida...

Quero um dia,
Andar pelos mesmos lugares que os escritores da minha vida andaram,
Quero fazer o meu próprio caminho, que eu não sei por onde é.
E nesse dia eu vou saber que a verdade é bem mais forte,
E que o tempo se conta pela intensidade.

Pode ser que a vida tenha mudado,
Que as estrelas tenham se (des)alinhado.
Eu não sei,
Mas acho que depois de colocar o ponto final nessa poesia pobre
Tudo estará em silêncio
E tudo estará no mesmo lugar,

Do mesmo jeito que estava antes de eu sonhar.