Melancolia, de acordo com o Wikipédia,
significa “estado psíquico de
depressão com ou sem causa específica. Caracteriza-se pela falta de entusiasmo e
predisposição para atividades em geral.”
Já escrevi, reescrevi e falei que não aprendi a escrever, que
os traços da minha mão não passam de riscos indefinidos, frases pela metade.
Mesmo assim continuo a fazer, só assim posso continuar, acordar. É escrever e
poder viver.
Depois de tanto tempo sem encarar uma caneta barata e um
pedaço de papel, volto aos riscos, subitamente. Eu me perco, não sei onde é o
começo e qual é a palavra final.
Eu continuo, escrevo, porque só assim consigo me desvencilhar
da completa melancolia, só assim consigo afastar, por algum tempo, esse
parasita que me consome, que não permite que eu me levante cedo e que vá à luta
pela vida, pelos sonhos, por tudo aquilo que acredito e que adormece.
Escrever limita minha dispersão do mundo, escrever é como ter
alguém segurando meus pés enquanto tento fugir pra outra dimensão e nessa outra
dimensão existe apenas a dúvida, a insegurança e a angústia se amplia.
No fundo, não passo de um ser estranho sensível a olho nu.
Ao mesmo tempo, sei que é essa melancolia que me vira do
avesso e me expõe ao papel em cima da mesa.
Já estou um passo ao lado, curada por alguns instantes, talvez,
agora, menos distante, sempre constante...