segunda-feira, 27 de maio de 2013

Houve um tempo...

Houve um tempo,
Em que se pulavam cercas em busca de pôr do sol,
Houve um tempo que saímos correndo do trabalho,
Pulávamos na cascata,
Registrávamos cada segundo do tempo...
Houve o tempo de fotografias...
Houve um tempo em que brigas eram quase diárias,
Que havia ciúmes,
Declarações na mesa do bar...
Houve um tempo em que ao despertar do sono
Havia olhar de contemplação...
Houve um tempo em que se chorava,
Que havia mudança,
Mas exista plano a dois...
Houve um tempo que passado não atormentava,
Não havia receio...
Havia certeza...
Houve um tempo em que não se queria estar só...
Tempo de amar,
Tempo de esperar...
E nos piores momentos alguém saberia falar alto,
Proteger sem brigar...
Houve um tempo de viver das coisas simples,
De chorar juntos,
De fazer piada, sujar o carro lavado,
De saber o que existe para sempre...
Houve um tempo que foi preciso aprender,
Foi preciso deixar-se crescer...
 Houve um tempo que me moldou,
Que ficou cravado na minha essência,
Que desenhou o tempo de hoje,
Que não é deixado em estrada nenhuma,
Reta nenhuma...
Muro nenhum...
Que não se abandona,
Nem se faz como dono...
Houve um tempo que não me fez destroços,
Que não esmigalhou meus ossos,
Fez-me de aço...
Porque houve um tempo
A ser ouvido...
Há nos olhos detalhes a serem ouvidos todos os dias,
Coração que fala a todo instante,
Mas não é sempre que existe tempo capaz de ouvir...

domingo, 19 de maio de 2013

Moral da história...


A mim coube trazer estocado no peito o interrogatório do pensamento... Pensar no que tenho para viver amanhã, o almoço da semana, o que irá se consumir do meu sono na noite, o choro que vai vir quanto todos já foram e quando o passado tenta explicar o presente e estar ausente é ser presente...

Os dias de chuva não me aborrecem nem entristecem, mas tecer a tarde numa dúvida de sempre: qual é a essência da vida? Eis o que me faz descer goela à baixo a angústia... Interrogação absoluta... Dívida jamais quitada...

Tenho em mim a ânsia de viver, fazer o mundo correr, ver chover, mover os pratos, derrubar o muro, puxar pela mão, trazer você... Saber que existe drama aqui, mas que mesmo assim eu sei sorrir, é o que prefiro...

Desculpa se o fiz sem ter por que, a mim coube fazer o que deveria fazer: abrir seus olhos e mostrar o caminho que há de caminhar. Porque esperar se há o agora para criar? E depois, ainda se pode continuar...

Que o concreto armado sirva de suporto para o castelo dos sonhos coloridos, suporte contra as bandidas dores do mundo nos corações escuros...

Porque a brutalidade não impede a força do que se faz delicado. A delicadeza não pressupõe o fracasso, perfaz a alma, torna terno o toque que protege... E a flor pequena e frágil continua a crescer no asfalto...

Pois é preciso trazer a delicadeza nos olhos para podermos reparar naquilo que dita o que é belo na sua essência... A simplicidade não se faz em preço.

Eu quero poder ver, enxergar e reparar, plantar e aprender a colher, e eu quero poder dizer que nesse grande pregar de peça que a vida impõe: vale a pena abandonar as roupas velhas e as frases ensaiadas e a rebeldia mentida, sempre, pela multidão, proferida, e mostrar as vontades que ficavam escondidas e dizer com liberdade que já não prefiro o drama e ser livre e ter coragem para saber que os clichês também dão dignidade, e que não há problema de querer seguir o fluxo da vida, e ensinar os pequenos seres, nem a sonhar algum sonho que a humanidade diz que não se deve sonhar... Não há problema em querer ver o mundo ao lado de alguém, e poder querer, e querer ser com alguém...

E eu quero saber onde estará à foto, se haverá alguma para mostrar e qual será o cenário: dia, mês, sorriso não ensaiado... Não é preciso esconder, não existe nada errado em admitir o que trago no peito...  Eu sou infinita...

Porque no fim, o que vai restar será apenas: Moral da história...

E será bom que alguém a queira ler...