Nessa época do ano muito se gosta de falar sobre o espírito do natal, sobre as mudanças que se deseja para o ano que se aproxima...
Hoje, eu deparo-me com o verdadeiro espírito natalino: ao chegar ao abrigo de idosos, um senhor, pega sua sacola plástica, que continha algumas roupas e papéis e aguarda no portão... Logo depois fui informada que aquele senhor havia chegado ao abrigo no dia anterior, e que não querendo entrar no local, esperava na entrada na (triste) esperança de voltar para casa, uma volta nunca acontece...
Eis o espírito natalino que a massa adora invocar: prolifera-se o consumo de coisas inúteis que alimenta uma sociedade medíocre e hipócrita, com o argumento que trazer momentos felizes... Esquece-se que se houvesse realmente um sentido para o Natal, não seria esse com que nos deparamos... Cercados de coisas, pacotes bonitos, brinquedos e roupas caras, muita carne na mesa... Na televisão todos os anos é a mesma historinha que o povo gosta de ver... Todos os anos enquanto você degusta a farta ceia, muitos outros procuram no lixo algo que acalme o estômago fraco, outros morrendo de fome, muitos choram por não terem o que dar aos filhos, e no ano que segue continua o mesmo conto curto, pois o ano é só mais um número com o último dígito mudado... O planeta segue sua rota, como sempre seguiu e os seres humanos, tendo o poder de mudar suas rotas, suas escolhas, seus caminhos, preferem viver como máquinas, repetindo o que alguém já disse, o que a televisão já disse, o que a voz do rádio já disse... Eu vejo extinto o ser humano... Eu sinto, de forma crescente as dores do mundo... E você continua dizendo a cada esquina, a cada encontro... FELIZ NATAL...